Terra Zenith - Resgate, a série #4

  

Quando mistérios surgem e o mal prospera em segredo.

Mais um dia na vida do Resgate, com ele às voltas com as ocorrências títpicas de Saão Paulo, ao mesmo tempo em que age junto com seus aliados.

Em paralelo Resgate vai descobrir que existe um provável amigo ou inimigo novo na área, enquanto Expurgo continua seu reinado de terror.

Portanto, sem mais delongas... Boa leitura!

Terra Zenith.

Resgate #4.

Mistérios e ameaças.


A noite fora agitada para o herói conhecido como Resgate, mas ele já estava acostumado, pois quando chovia em São Paulo, as emergências pipocavam por toda a cidade.


Uma mãe e sua bebê ficaram presas dentro do carro, em meio a uma rua tomada pelas águas, com o veículo quase todo submerso.


Quando a mulher tentava alcançar a criança no banco de trás, sem conseguir soltar seu próprio cinto de segurança, em meio ao pranto e desespero da situação, mal percebeu uma névoa surgindo ao redor delas.


Sem aviso, mas com total delicadeza, segundos antes das águas imundas invadirem o carro, Mãe e filha flutuavam na direção de seu salvador, que as tomou nos braços, soltando-as apenas quando haviam chegado até a emergência do hospital mais próximo.


Muito bem Jonas…”


Pelo comunicador do capacete ecoava a voz de Altair, que estava do outro lado da cidade, ajudando na evacuação dos moradores de algumas casas que estavam em perigo, devido a um provável deslizamento de terra.


Tem mais alguns veículos na mesma situação, todos na sua área… O restante da cidade já está coberta.”


Perfeito… — Resgate então se voltava para a direção indicada pela IA do traje. — Vamos salvar mais vidas.


E ele salvou.


Quando finalmente levou um casal de jovens para um local seguro, enquanto o caríssimo carro, do pai de um deles, afundava sob as águas lamacentas, Resgate foi avisado de que as emergências da noite estavam sob controle das autoridades.


Desse modo ele partiu para o alto do prédio onde sempre se encontrava com Trilha, queria passar algum tempo com ela antes de voar para casa, pouco antes dos seus filhos acordarem.


Talvez ele até conseguisse dormir por alguns minutos.


Pouco antes de chegar ao seu objetivo, no entanto, o voo do herói foi interrompido por algo que lembrava uma estrela, vindo direto em sua direção.


Com um longo suspiro de impaciência, ele mudou seu trajeto, pousando no topo de outro prédio e aguardou, por poucos segundos apenas, porque logo a “estrela” parou diante dele.


Discreto como sempre… Tava me espionando a muito tempo? Não podia ter dado uma mãozinha enquanto eu salvava as pessoas?


O mundo vai acabar no dia em que você precisar de mim.


O recém-chegado não tocou o topo do prédio, permanecendo flutuando a alguns centímetros de altura, o corpo musculoso envolto em luz, destacando seu uniforme branco e azul, com detalhes dourados.


Sobre sua cabeça um halo circular de luz, que formava algo igual a uma auréola.


Boa noite Savior One… O que fez você vir de Nova York até uma cidadezinha num “paiseco” como você mesmo falou…


Sério? Vamos por esse caminho de provocação? — mesmo com uma imensa franja a cobrir um dos olhos, era possível notar o rosto levemente crispado de raiva. — Eu não tenho muito tempo… Você sabe como nossa vida é corrida e atribulada, por causa da quantidade de responsabilidade que os Superiores carregam e… Bem… Só vim lembrar que, em breve, a ONU vai votar os Protocolos Zenith


Eu acho que já deixei bem clara a minha posição…


Se os protocolos forem aprovados e você manter a sua decisão, não vai nos deixar escolha, a não ser vir atrás de você… Com força total…


Já sabemos como terminou a última vez que você e eu entramos nesse tipo de dança não é?


Exatamente por isso… — ele manteve o tom de ameaça, mesmo tendo que admitir algo que lhe deixava ainda mais rancoroso. — Por respeito, vim te avisar… Uma… Cortesia…


Me senti “Cortesiado”… Agora… Se não tiver mais nada a conversar…


Savior One fez o brilho de seu corpo aumentar e no instante seguinte já havia partido.


Por precaução, ao usar seus dons, Resgate afundou no prédio e seguiu até seu destino por debaixo do solo, ele sabia que não podia ser rastreado, mas, com certeza, o seu interlocutor poderia seguir o rastro que sua névoa deixava.


O humor do herói só melhorou quando chegou no apartamento de Altair, com Vanda esperando-o, usando apenas uma sensual lingerie vermelha.


É…” ele pensou, enquanto seguia na direção da amante com seu uniforme de nanorrobos se desfazendo “Os minutos de sono já eram… Ainda bem.


Dias depois o herói chegava à sede do batalhão dos Bombeiros onde ele servira antes de se tornar o Resgate, atendendo a uma ligação feita pelo Capitão Romero, um dos poucos que conheciam sua verdadeira identidade, fora dos círculos familiares ou de outros heróis.


Aproveita que o café tá recém-passado…


Não foi o Janilson que fez não né?


Tá de sacanagem? Eu aprendo com os meus erros… Se tem algo que o Jan nunca mais vai fazer é chegar perto da cafeteira…


O capitão deu um longo gole, gesto que Resgate, tendo aberto uma área do capacete ao redor de sua boca, imitou, comprovando realmente que o outro falara a verdade.


Mais algumas amenidades foram trocadas, com Romero perguntando dos gêmeos, prometendo que o padrinho iria visitá-los assim que possível, falou sobre como Amanda era uma boa mulher, que Jonas deveria abrir os olhos, por deixar escapar a melhor companheira que ele poderia ter.


Imediatamente a noite anterior veio à mente do herói, de como ele e Trilha haviam passado longas e prazerosas horas juntos, o que fez crescer a vontade de finalmente darem um passo a mais, trazendo a companheira heroica para sua vida pessoal.


Algo que ocuparia sua mente depois, já que finalmente Romero começara a falar do verdadeiro assunto que trouxera Resgate até ali.


Você consegue usar o computador que tem nessa armadura para acessar meus aquivos? Usa aquele truque que eu adoro…


Com um sorriso no rosto, devidamente escondido pela máscara, que voltara a se fechar, Resgate acionou um pequeno cabo em sua manopla, plugando-o no antigo computador do capitão dos bombeiros.


Em seguida algumas telas holográficas surgiam no ar entre eles, o que deixava Romero sempre admirado.


O que precisamos acessar?


Ah, sim… — Romero recuperava a compostura, ele simplesmente adorava novas tecnologias, mas sabia que não é o momento de agir como uma criança diante de um brinquedo novo. — Naquela pasta ali…


— “Incêndios misteriosos”? Tem algum novo incendiário em ação?


Não… Dê uma olhada que você vai entender.


Com um movimento das mãos, Resgate abriu a pasta e espalhou pelo ar as imagens que estavam lá dentro, que se mostraram como fotos de vários ambientes, deixando claro serem de locais que haviam sido palco de incêndios e que agora jaziam devidamente apagados.


Pelo que tô vendo o pessoal tá ainda mais eficiente depois da minha saída… O estrago parece bem amenizado, perto do que se espera de casos assim… Não tô vendo o problema…


Esses incêndios não foram extinguidos por nós.


Como é que é?


Temos alguns casos em que, após recebermos alguma chamada, assim que os caminhões chegaram aos locais, o fogo já estava praticamente apagado… Em poucos casos ainda havia alguns pequenos focos, mas facilmente controláveis…


Então temos… Em vez de um incendiário… Um… O que? Um, ou mais de um, apagador de incêndios?


É o que está parecendo… E tem até nos ajudado, mas se for alguém sem o devido treino, nosso bom samaritano pode acabar se ferindo… Ou pior…


Certo… Vou baixar os endereços para a armadura e vou investigar… Qualquer novidade eu te aviso.


Alguns minutos se passaram, enquanto os dois amigos terminavam de conversar, mas a urgência de resolver aquele mistério falou mais alto e logo Resgate estava no local do mais recente incêndio, que fora debelado de forma tão misteriosa.


A IA da armadura escaneava todo o local, definindo com perfeição como o incêndio se iniciara, no caso a explosão de um botijão de gás, bem como os vários tipos de produtos usados para conter e extinguir as chamas.


Era como se alguém tivesse entrado e usado com perfeição, dezenas de extintores de incêndio, dos Classe A, usados para papel e madeira, até os de Classe K, para óleo e gorduras.


Algo impossível de acontecer, mas, segundo as análises, foi exatamente o que houve, num momento o local ardia em chamas, no momento seguinte, tudo fora apagado, não usando apenas água, mas os produtos químicos usados em extintores.


Mas o que… — repentinamente uma informação se sobrepôs às demais que a IA enviava para seu usuário. — Spectre… Isso é mesmo verdade?


Enquanto o herói recebia sua resposta, longe dali, na Rua do Tormento, Expurgo acabava uma refeição, sentado em uma cadeira que, um dia, fora o dono daquela casa e que agora, assim como o restante de sua família, não passava de mobília, ou ornamentos.


Ainda assim, ele sabia que seu destino ainda poderia ter sido pior.


A refeição foi de seu agrado mestre?


Como se costume, instantes depois do vilão se levantar, surgia ao seu lado, o fiel lacaio Tenebris, sempre tentando agradá-lo, com sua também habitual bajulação.


A comida desse lugar consegue ser pior do que a de onde viemos... Mas como nossa... Colheita... Segue a contento...


Ah sim! — a pequena criatura deu um tapa na própria testa. — Mestre... Por falar na colheita...


De forma exageradamente animada, a pequena criatura das trevas se colocou a voar, mantendo-se a poucos metros de distância de Expurgo, conforme eles seguiam entre as casas da Rua do Tormento, ora usando passagens subterrâneas, ora alterando a realidade para sumir de uma e reaparecer dentro de outra.


Tudo para evitar ser detectado cedo demais pelos heróis da cidade.


Desse modo, assim que entrou na casa que, um dia, pertencera a Ambrósio Geraldo, um aposentado cujo maior divertimento era andar pela rua reclamando de tudo e todos, o vilão primeiro ficou alguns minutos admirando sua obra mais recente.


Numa das paredes da sala de estar, agora toda deformada para agradar aos gostos do novo dono da casa e da rua, jazia um imenso quadro, que ilustrava o desespero de um velho, preso num imenso e infinito nada.


Sozinho para sempre.


Se um dia… Se… Eu alcançar meu objetivo final… Talvez eu me torne um artista… Essa pintura capta toda a angústia da solidão…


Sei que o mestre será perfeito, não importa o que resolva fazer em sua existência…


Ah, Tenebris… Sua bajulação é tão entediante… Não fosse suas capacidades de dar vida e coesão às minhas criaturas…


A voz de Expurgo soou tão gélida que até mesmo a pequena criatura de trevas sentiu um arrepio percorrer seu corpo, preferindo calar-se a arriscar ser alvo da fúria do outro.


Perfeito… Simplesmente perfeito…


Finalmente a dupla se aproximava do porão da casa, parando diante de uma estranha formação rochosa, que nascia bem no meio do chão cimentado e de onde emergiam vapores escuros e mal cheirosos.


Mestre… As energias arcanas estão fluindo de forma poderosa…


Finalmente… Agora é chegada a hora de alimentar… O Fosso das Almas Perdidas… E que o primeiro saco de carne se aproxime…


Mais do que depressa, Tenebris se afastou para um canto do porão onde, tomado por trevas absolutas, era impossível ver o que estava ali, mas, mesmo assim, o pequeno servo mergulhou seu punho direito e, após segundos de procura, de lá arrastou uma jovem que mal alcançara os vinte anos.


Antes que a pobre começasse a gritar, quando sua vista começou a clarear, após ter ficado mergulhada na escuridão por um tempo que ela nem sequer podia precisar, uma mão enluvada agarrou sua garganta, sufocando-a.


Quase sinto pena de entregá-la ao Fosso… É uma jovem muito bela, que apenas deu o azar de andar pelas ruas tão tarde e sozinha… — o vilão, enquanto mantinha a garota presa com uma mão, usou a outra para segurar e puxar para perto o braço dela. — Ah sim… Claro que só mesmo tomada pelo vício para se arriscar daquele jeito… Bom… Bom… Muito bom…


Expurgo caminhou lentamente na direção do Fosso, ele sempre gostava de saborear lentamente o horror que tomava suas vítimas, quando finalmente percebiam que nenhum herói apareceria para salvá-las.


Alegre-se com a perspectiva de que, finalmente, em sua curta e miserável vida… Você fará parte de algo, de fato, importante…


Assim que terminou de falar o vilão ergueu sua vítima, mantendo-a alguns segundos sobre o vapor, que agora a moça percebia ser escaldante, mas, assim que a pobre coitada começou a espernear, ele simplesmente abriu a mão que segurava sua garganta.


Com um breve e agudo grito de desespero Karen Villa mergulhou em algo que, a princípio, parecia apenas água fervente, mas que logo começou a dissolver sua pele, carne, ossos, em uma agonia tamanha, que ela perdeu a sanidade antes mesmo de ter a chance de se arrepender de uma vida repleta de péssimas escolhas, advindas do fato de ser a filha única de uma rica e poderosa família de São Paulo.


Expurgo mantinha as duas mãos apoiadas na borda do Fosso, seu corpo apresentava pequenos tremores de prazer e excitação, conforme acompanhava mais uma vida sendo abreviada por suas ações e desejos.


Quando conseguiu se controlar o suficiente, para que seu servo não fosse capaz de perceber nem sequer um pequeno sinal de fraqueza, o vilão se ergueu e estendeu uma das mãos na direção de Tenebris.


O próximo…


Alheio ao terror que ocorria naquele porão, do outro lado da cidade, o incêndio de um imenso galpão era combatido pelo batalhão do corpo de bombeiros liderados pelo capitão Romero.


Em um trecho que os bombeiros ainda não haviam alcançado, um grupo de operários tentava se manter protegido das chamas que os cercavam, os que ainda não haviam desmaiado rezavam por um milagre.


E o milagre aconteceu na forma de uma pessoa uniformizada, que desceu por um buraco no teto e, após várias acrobacias, ficou diante dos homens e mulheres ameaçados pelo fogo.


Usando o que lembrava um traje antigo dos bombeiros, largo demais, era impossível identificar não só sua identidade, como até mesmo se era um homem ou uma mulher.


O recém-chegado se concentrou, os ombros subiam e desciam lentamente e só então ele estendeu uma das mãos abertas na direção das chamas.


No instante seguinte uma névoa branca pareceu jorrar de sua palma, apagando rapidamente o fogo e abrindo um caminho seguro para que os operários conseguissem sair do galpão.


Assim que conferiu cada um e percebendo que eles poderiam aguardar por um atendimento oficial, o uniformizado se preparava para ir embora, quando o som de palmas às suas costas chamou sua atenção, fazendo-o se virar e rapidamente assumir uma posição de combate.


E não é que a Spectre estava certa?


Acima do chão alguns metros, Resgate ia descendo até parar diante daquele que havia acabado de salvar os operários.


No meio do último incêndio identifiquei um fator biológico, em meio à composição química que foi usada para apagar o fogo… E aqui está você… Sabia que se eu esperasse um pouco, antes de salvar esses homens eu mesmo, você poderia aparecer... Mas… Bem… Acho que precisamos conversar não é?


Eles conversaram.


E seus destinos mudariam para sempre.


Continua.


Galeria de imagens.


Expansão.






Savior One.






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4 Comentários

  1. Tá esquentando a narrativa.

    Esse ser misteriosdo é a mulher do capítulo anterior.

    Pelo que foi dito no capítulo passado não parece ser aliada.
    Vejamos!

    Quanto ao Expurgo, sua vilania e frieza , realmente é algo assustador e repugnante , ao mesmo tempo...

    Uma pessoa que se compraz com a dor das pobres almas perdidas em seus males é alguém a se temer.

    Por fim, qquanto tempo Resgaste e trilha manetrão em segredo o romance de ambos?

    Vejamos o que os próximos capítulos trará.

    Parabéns!

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    1. Valeu mesmo pela leitura e comentário.
      Não pretendo estender demais as tramas iniciais, será uma leitura leve e tranquila, com alguns detalhes mais pesados, pelo lados dos vilões.
      Quanto a seres misteriosos... Um é o Savior One, que só apareceu nesse capítulo, a outra é a menina do capítulo anterior e que será devidamente apresentada no próximo.

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  2. Realmente Expurgo tá se tornado algo que realmente põe medo, eu realmente sinto a maldade nele, a forma como age, a forma como faz as coisas, como trata suas vítimas, mas, também se nota nele a tentativa de ocultar coisas que ele considera falhas, como, demonstrar sensações ou sentimentos, mesmo que os mais perversos como sentir tesão em ver gente morrer! De qualquer forma, ele é o tipo de personagem que tu nunca sabe o que vai fazer e que diante de uma fala mansa, pode te causar os piores sofrimentos, mandou bem demais nesse vilão! Quanto aos novos personagens, vi nitidamente um Ironman em sua pior fase de arrogância, como quando ele tentou confrontar o Thor enfurecido e se deu muito mal, vamos ver qual será o caminho tomado por ele e agora, curioso mode on pra entender quem é novo bom samaritano, ao que tudo indica, Resgate já sabe quem ele é, que venham as explicações, parabéns meu amigo!

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    1. Mais uma vez peço desculpas pela demora em responder amigão! Grato de coração pela leitura, comentários e força de sempre.
      Escrever o Expurgo é sempre muito divertido, eu gosto de fazer um vilão que é puro mal, não abrindo espaço para áreas cinzas ou motivos justificáveis para ele se tornar assim...
      Você acertou quanto ao Savior One... Mas, indo na contramão do Expurgo, ainda pretendo trabalhar nas motivações dele...
      Quanto ao bom samaritano só posso dizer... aguarde e confie.
      Valeu!

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