9. A batalha esquecida.

 

Quando uma incursão chega ao fim.

Aqui um capítulo curto, mas importante para mostrar mais do gigante Odla.

Espero que goste.

Portanto, sem mais... Boa leitura!

9. A batalha esquecida.

Caio e Natalie tinham dificuldades para entender e aceitar o que viam, conforme as cinzas dos Seculares eram levadas pelo vento, assim como a nuvem de poeira e areia que havia se erguido ao redor do novo Guardião Cronal, quando acionou seu poder.

Odla se mantinha erguido, mantendo uma posição que, mais tarde, ele diria ser a sua ideia de “porte heroico”, Burgo havia desaparecido e seu dono apresentava, além da imagem dos Guardiões flutuando diante de seu peito, três cabeças estilizadas de cachorros assustadores, uma em cada mão e a terceira sobre sua própria cabeça.

― Zazubrennyy!

Cada uma das cabeças caninas abriram suas bocarras criando esferas de energia que, assim que atingiram o tamanho de bolas de baseball, dispararam três feixes de energia, que se cruzavam em pleno ar, destruindo primeiro braços, pernas e cabeças dos inimigos, que logo se desfaziam em cinzas.

― Que foda! ― Caio soltou uma interjeição de dor, assim que sentiu uma bala resvalar em sua coxa direita, disparada por um secular que havia possuído alguns soldados alemães e que, ao contrário das espadas ou lanças costumeiras, tinha seu braço convertido numa arma de fogo. ― Ah seu desgraçado! Incisão!

No instante seguinte, após alguns socos bem aplicados, tanto o Secular quanto toda a estação onde os alemães estavam, bem como as metralhadoras que, a poucos minutos, destroçavam os aliados que desembarcavam na praia, jaziam em pedaços cortados com perfeição.

O Guardião Bisturi não se demorou, voando rápido para as demais casamatas dos nazistas, dando aos colegas na praia, o fôlego para continuarem a enfrentar os monstros, algumas vezes ajudados pelos próprios soldados que, agradecidos pela ajuda, tentavam retribuir.

Infelizmente os Seculares eram uma ameaça que estava além das capacidades de armas comuns, o que resultava uma carnificina tão intensa como a que estava acontecendo antes do início da Incursão.

― Marteau de Dieu!

A Guardiã D’acier se movia mais rápido do que nunca, do alto Caio mal conseguia ver um vulto, só percebendo por onde ela passava ao reparar nos Seculares que, de repente, tinham marcas de golpes surgindo do nada, levando alguns segundos para o resultado do impacto fazer os monstros explodirem.

Odla parecia se divertir, rindo alto e atacando como se estivesse em meio a uma brincadeira de criança.

― Pela mãe Rússia! Quando a Malêchka falou que as incursões não eram como nos treinos ela não brincou! Isso é muito mais divertido!

Ao longe, a Condutora criança sentia um ardor nas faces, falando baixinho que não era um bebê, tentando deixar claro que não havia gostado do apelido recebido pelo imenso russo.

A Condutora jovem não escondeu um risinho, achando graça nas reações da pequena, enquanto a mais velha mantinha seus olhos verdes fixos na batalha, tentando não perder nenhum detalhe da óbvia evolução dos Guardiões Cronais mais experientes, bem como os impressionantes e diferentes poderes e habilidades do novato.

Sua face, porém, permanecia inabalável e impossível de ser totalmente compreendida.

O Cronômetro alterou sua cor para vermelho, indicando que o final da Incursão estava próximo e, apesar do número alto de inimigos, Caio calculava que daria tempo de destruir todos os inimigos.

Foi então que o inesperado aconteceu.

Natalie saltou sobre um dos Seculares, o punho de energia vibrando, pronto para atingi-lo no meio do peito quando, sem aviso algum, ele se moveu ainda mais rápido que ela, conseguindo escapar do golpe.

Nas construções nazistas, os Seculares formados a partir da fusão dos soldados com as metralhadoras também conseguiram escapar dos golpes de Caio e saltaram na direção da praia.

Assim que todos os Seculares se reuniram, para espanto dos Guardiões Cronais, eles começaram a mesclar seus corpos, formando um monstro gigante, um dos braços com a mão convertida num canhão giratório, a outra uma imensa lâmina.

― E… Isso a gente não vê todo dia… ― Caio pousou perto dos colegas, ambos tão sem reação quanto ele. ― Bom, olha o lado bom, pelo menos agora temos que derrubar só um prá encerrar a Incursão… Idéias?

― Um colega meu de exército tinha um ditado… Se você encontrar um inimigo maior que você, bata nele e derrube-o até ele ficar da sua altura...

Caio e Natalie trocaram um olhar e, após um dar de ombros acionaram seus poderes, ficando ao lado de Odla.

― Por que não? ― era Caio quem tentava incentivar os colegas. ― Se não der certo a única coisa que vai acontecer é o mundo acabar... ― sem alcançar sucesso em sua tentativa de piada ele encerrou. ― Odla, ataca as pernas, Natalie, destrua o peito desse desgraçado, depois eu encerro e a gente cai fora, beleza?

Assim que os dois concordaram, Odla disparou suas rajadas de energia, destruindo as duas pernas, fazendo o imenso Secular cair para frente, tornando-se um alvo fácil para um potente soco de Natalie, que arrebentou boa parte do tronco, bem como o braço esquerdo da criatura, que teve sua cabeça feita em pedaços pelo ataque cortante de Caio.

Exatamente no instante em que soava o apito do Cronômetro, indicando o final daquela Incursão.

Pouco a pouco os soldados aliados que haviam sobrevivido àquela situação tão bizarra, saiam do torpor em que estavam, se aproximando dos Guardiões Cronais cheios de pergunta.

Nesse momento surgia no horizonte o Evento Ômega.

― Odla...

― Sim Caio...

― Pega o Cachorro!

No instante seguinte Caio segurava seus companheiros, Natalie abraçada pela cintura e o imenso russo por um dos braços, voando a toda velocidade até onde as três condutoras os esperavam.

Assim que entraram na Estação Chronos, aquele ponto do tempo se apagou, sendo corrigido de imediato, mantendo-se sem a interferência dos Guardiões ou dos Seculares.

O mundo fora salvo outra vez.

― Bem! ― Odla passou os imensos e agora suados braços pelos pescoços de seus companheiros, que tentavam se desvencilhar educadamente. ― É agora a hora do banho?

Continua.