8. O mais longo dos dias.

 


Quando um novato chega ao time.


E mais um capítulo do meu título que emula o estilo de narrativa de um manga/anime.

Com a morte das guardiãs gêmeas, chega a hora de reforçar o time. Conheça verdadeiro gigante. 

Portanto, sem mais... Boa leitura!


8. O mais longo dos dias.


Caio e Natalie estavam na Estação Chronos, se mantinham um ao lado do outro, as feições sérias, ainda remoendo a morte das amigas Amy e Mika, relembrando quando elas substituíram o samoano Kaleo, morto a várias incursões atrás.


Fora uma surpresa quando a condutora mais jovem chegou à estação trazendo não uma nova Guardiã, mas duas, contrariando uma regra que elas mesma haviam estabelecido, de que os grupos de Guardiões Cronais seriam compostos por três membros.


“São um caso especial...” a Condutora mais velha havia assumido as explicações “Quando a Cruz dos Ponteiros surgiu em Tóquio, indicava uma casa e, quando o contato foi feito, para surpresa de todas nós, eram duas as marcadas e não apenas uma… Talvez o fato de serem gêmeas tenha influenciado isso”


As duas garotas sorriam, logo se apresentaram com uma música e uma dancinha tão animadas, sentindo-se tão à vontade com Caio e Natalie, que qualquer estranheza de serem duas escolhidas foi deixada de lado.


E agora estavam mortas.


Por isso o casal aguardava a chegada do novo companheiro, que as substituiria, em silêncio, mal trocando uma palavra, mas com as mãos ainda procurando se tocar.


Quando o trem finalmente chegou, a apreensão típica, acompanhada de um característico frio no estômago, cresceu conforme as portas laterais se abriam, dando passagem primeiro para a condutora mais jovem.


Só depois ele apareceu.


Era um gigante, mais de dois metros com certeza, nos ombros uma jaqueta, ou casaco preto, o dorso nu, sem sinal de alguma camiseta, exibia músculos imensos, típicos de fisiculturistas, ele andava com passos seguros e no rosto um sorriso sincero e tão grande quanto ele.


Olá pessoal! ― irradiando empolgação e uma energia aparentemente inesgotável e contagiante, ele se colocou ao lado da pequena Condutora, que mal passava de sua cintura, afagando e bagunçando os cabelos dela. ― Uau! Essa pequena Malêchka não é fácil não! Que treino foi aquele?! Pela sagrada mãe Rússia!


― Já disse que não sou um bebê… ― a menina arrumava seu penteado com uma cômica expressão de contrariada, mas não conseguia evitar um pequeno sorriso, deixando claro que já se afeiçoara ao gigante. ― Pessoal, esse é o novo Guardião…

Sou Odla Zacip Tchekhov, o… Como a gente combinou que seria mesmo? Ah, sim! ― outra vez ele se abaixou muito, pedindo a ajuda da mais jovem das Condutoras, do mesmo jeito que um pai fala com uma filha pequena. ― Ah! Sim! Verdade… Sou o Guardião Tseber!


― É um prazer cara. ― Caio se adiantou, estendendo a mão. ― Sou Caio de Assis, o Guardião Bisturi…

― E eu Natalie Flaubert, a Guardiã D’acier… Eu…

A frase foi interrompida quando o gigante literalmente agarrou os dois Guardiões num longo abraço, deixando-os extremamente desconfortáveis com tamanha demonstração de afeto de alguém que parecia tão pronto para o combate.


Foi só então que um latido baixinho pode ser ouvido, chamando a atenção de todos para um cãozinho que acabara de sair do trem cronal, indo rápido até Odla e, assim que o gigante largou Caio e Natalie, pulou nos braços do russo, lambendo alegremente sua cara.


― Olha aqui o pequeno Burgo! Quem é o Malen'kiy syn do Papa… ― só então Odla pareceu se lembrar de todos os presentes ao seu redor, colocando seu “filhinho” no chão. ― Hã… Desculpem…

― Ele pode trazer um cachorrinho para as incursões? ― Natalie se voltava para as Condutoras. ― Não é perigoso pro bichinho?

― Meu Burgo é importante pros meus poderes! ― Odla respondeu pelas Condutoras, batendo forte no peito. ― Vocês verão! E agora, onde estão os tais Seculares? Quero ver se eles são tão fortes quanto pareceram nos treinos…

Caio e Natalie se entreolharam, já tinham visto outros Guardiões daquele jeito, tão empolgados que, ou morreram logo no início de uma Incursão, ou quase mataram todos do grupo por uma ação impensada.


Era como se lessem os pensamentos um do outro.


“Esse vai dar trabalho.”


Sem outra opção, os três, mais o cachorrinho, logo se colocaram a seguir as Condutoras, passando pela porta que davam acesso aos Banheiros.


― Ouvi falar bem demais desses banhos aí! Tomara que não demoremos muito pra voltar.

Odla deu uma gargalhada alta, enfiando as mãos displicentemente nos bolsos das calças, conforme o grupo chegava até as escadas rolantes que os levariam para o período temporal da próxima Incursão.


Assim que saíram da Estação Chronos, o que os atingiu primeiro foi um cheiro intenso, misto de algo ocre e ferroso com o característico cheio da água salgada de uma praia.


― Cuidado! ― Caio abraçou Natalie pela cintura e, tendo aprendido que sua força aumentava ao acionar seu poder de voo, segurou Odla pelo braço. ― Pega o cachorro!

Assim o russo fez e, no instante seguinte, os três saíram voando, Caio precisando de toda a sua habilidade para desviar da chuva de balas que riscavam os céus da praia de Omaha.


Os três pousaram, melhor dizendo, caíram violentamente atrás de alguns destroços, conseguindo se proteger dos tiros que vinham do alto de uma colina próxima, onde os alemães haviam montado estações com metralhadoras, de onde destroçavam os aliados, assim que esses saíam dos barcos de transporte das tropas.


― Cacete… É muito pior que no Resgate do Soldado Ryan… ― ao ver os rostos dos outros Guardiões, Caio percebeu que sua referência havia se perdido. ― Um dia vou te levar pra casa e vamos passar um fim de semana inteiro vendo filmes minha linda…

― Mas vamos fazer outras coisas também não é mon coer? ― Com um sorriso sensual nos lábios que, para Caio, pareciam fazê-la se destacar em meio à carnificina que acontecia ao redor do grupo, Natalie acionava seus poderes, após o surgimento do Cronômetro, anunciando o começo de outra Incursão. ― Mas agora, precisamos nos concentrar em sobreviver aqui non?

Não muito longe, alguns soldados Aliados começavam a ter convulsões, se tornando alvos fáceis para os Nazistas, mas, mesmo tendo seus corpos trespassados pelas balas inimigas, logo se erguiam.


Os Seculares, alguns juntando soldados mortos e vivos em abominações que se erguiam na praia, começavam a seguir na direção dos Guardiões, pisando, dilacerando, destroçando tudo o que entrava em seu caminho.


Caio tentou dar um passo para fora do abrigo improvisado e quase levou um tiro no pé, vindo das armas nazistas, onde ele percebeu alguns Seculares surgindo, adaptando a seus braços, incluindo neles as metralhadoras giratórias dos alemães.


― Vou até ali encima e tento eliminar tanto os Seculares quando os Nazistas… Pelo menos assim, a gente para de receber bala de um dos lados… Vocês dão conta desses que estão chegando? Ei! Odla!


O imenso russo saiu correndo desvairado, seu cachorrinho, por mais impossível que parecesse, o acompanhando, indo direto para o Secular que também vinha se aproximando numa velocidade vertiginosa.


Ao redor dos dois, colunas de areia se erguiam no ar, conforme a praia era atingida pelas balas, ou quando alguma mina explodia, mas nada disso fazia os dois diminuírem a velocidade.


Antes que Caio e Natalie conseguissem esboçar uma reação, Odla alcançou o inimigo, que aparentava ter cerca de cinco metros de altura, após se mesclar com vários soldados.


Foi então que o impossível aconteceu.


Em vários níveis.


Odla saltou, conseguindo alcançar a cabeça do Secular e, o impacto de seu punho contra o queixo do monstro, disparou uma onda de choque tão forte que acabou causando a outra impossibilidade.


Mesmo em meio a um dos mais sangrentos conflitos de todos os tempos, os combatentes presentes, fossem aliados ou nazistas, pararam de atirar por poucos instantes, tamanho o assombro com a cena que presenciavam.


Assim como num sonho, onde alguma cena permanecia congelada e logo voltava ao normal, os tiros, explosões e agora os sons dos golpes trocados entre o Secular e um dos Guardiões, ecoavam pelo ar.


― Uau! ― Caio se voltou para sua companheira com um sorriso no rosto. ― Vamos deixar só ele se divertir?


― Claro que não!

Natalie já estava com as mãos cobertas pelos punhos de energia dourada, correndo para onde outros Seculares alcançavam Odla, enquanto Caio alçava voo, indo na direção dos monstros que se formaram junto aos nazistas.


Ao ver os companheiros em ação, principalmente Natalie, que chegava destruindo um dos Seculares, o russo deu um sonoro tapa na própria testa, chamou seu cachorro e assim que pegou o animal num dos braços, com a mão livre tocou o local onde estava a tatuagem que servia de marca dos Guardiões Cronais.


A liberação de seus poderes ergueu uma cortina de fumaça e areia ao seu redor e conforme três seculares se aproximaram, antes de serem pulverizados, um grito ecoou no ar.


Zazubrennyy!



Continua.






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1 Comentários

  1. Outro arco importante.

    A entrada do russo Odla, o Guardião Tseber, deu um novo rumo para a narrativa.

    Personagem importantíssimo e o que melhor , carismático .
    É muito bom revê-lo!

    Sigamos em frente!

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