10. Vencendo Limitações.

 


Às vezes é preciso se superar. Ainda mais.


Boa Sexta!

Começo hoje um novo arco, com novos personagens que, espero, se tornem tão interessantes como os anteriores.

Portanto... Sem mais delongas...

Boa leitura!



10. Vencendo Limitações.


Caíque sempre teve de lutar por tudo em sua vida.


Tendo sofrido um acidente na infância, acabou preso em uma cadeira de rodas, o que poderia ter feito, ou ele desistir de tudo, mergulhando num eterno ciclo de autopiedade, ou seguir em frente e tentar superar todos os obstáculos que surgiam em sua vida.


Dessa forma, tendo optado por nunca desistir, ele cresceu se envolvendo em todo tipo de esporte que fosse criado para cadeirantes, conseguindo se destacar em todos.


Foi por isso que, em meio ao Happy Hour da Sexta Z, conforme ele comemorava com sua equipe de apoio mais uma vitória em uma corrida de 100 metros, Caíque não esmoreceu, nem titubeou quando monstros invadiram a lanchonete onde eles estavam.


A vida acabara de colocar mais um, o maior na verdade, obstáculo diante do jovem cadeirante.


O caos se instaurou rápido, com monstros saltando de todos os lados, agarrando e mordendo quem estivesse ao alcance de suas garras, mas Caíque percebeu uma brecha e, por já ter jogado basquete, conseguiu mover sua cadeira para longe do foco onde os zumbis estavam se aglomerando.


Com uma agilidade adquirida pelos anos de esportes, o jovem conseguiu se esquivar, mostrando para seus colegas, que ainda não haviam sido atacados, uma rota para saírem da lanchonete.


Na rua a situação parecia ainda pior.


Os zumbis corriam livres pelas calçadas, atacando quem não conseguisse se manter longe, ou sequer se mexer, muitos pelo choque de enfrentar uma situação como aquela, ou mesmo pela velocidade que os monstros apresentavam.


Por aqui!


Caíque acabou tomando a liderança dos colegas que conseguiram sair da lanchonete, lembrando que haviam estacionado o carro ali perto, alguns deles estavam em choque e acabaram seguindo-o por instinto e após alguns novos gritos.


As calçadas estavam relativamente vazias pois a população, em pânico, tentava se afastar dos prédios, correndo em desespero pelas ruas.


Acostumado como estava a observar tudo ao seu redor, algo corriqueiro na maioria das competições das quais ele participara, Caíque conseguiu mostrar o melhor caminho até o carro.


Sua equipe continuava a segui-lo, principalmente por que o desespero não os deixava pensar com clareza, mas o jovem cadeirante, acostumado também com as situações normalmente estressantes dos esportes, conseguia manter uma relativa calma e clareza de objetivos.


Infelizmente, assim como também nos esportes, sempre havia chance de obstáculos imprevistos surgirem pelo caminho.


Nesse caso, o imprevisto surgiu na forma de um senhor obeso que, após atravessar a vitrine de um restaurante, acabou pousando sobre Juca, o novato da equipe de Caíque, que urrou de dor quando, sentindo que o monstro havia quebrado vários dos seus ossos, não conseguiu evitar de ser erguido por um dos braços.


Ninguém do grupo conseguiu esboçar reação, quando o imenso monstro trouxe Juca para perto de si e abocanhou o pescoço do garoto, fazendo esguichar sangue para todo o lado.


Vamos Caíque! Não dá pra ajudar ele!


O cadeirante pensou em protestar, mas logo alguém segurou firme na sua cadeira de rodas, empurrando-o contra sua vontade, até que, finalmente todos estavam dentro do furgão que os havia trazido até ali.


Pisa!


Carina, a mesma que o havia empurrado, pulou no banco do motorista, amarrou os cabelos roxos num rabo de cavalo e, seguindo a ordem desesperada de Caíque, ligou o carro, partindo com velocidade do local.


Ou a velocidade máxima que conseguia, uma vez que, a todo momento, ela precisava frear e desviar, ou de pessoas normais, ou dos próprios monstros, ou ainda de veículos que, como eles, estavam procurando uma saída para fora daquele inferno.


Carina encontrou uma oportunidade ao virar uma esquina que parecia livre de trânsito, mas, assim que efetuou a curva, um caminhão veio na direção contrária, acertando violentamente o furgão.


O veículo capotou três vezes até finalmente parar, com a traseira enfiada numa loja de roupas.


XXX


Infelizmente, a lesão foi severa demais… Sinto muito, mas… O Caíque não vai voltar a andar.


Uma frase e o mundo de uma criança desabou por completo.


A sorte é que, sendo o caçula de uma família grande, o que não faltou foi apoio, amor e carinho, para que Caíque encontrasse meios e forças para superar o que um motorista bêbado havia lhe arrancado.


Os esportes vieram naturalmente, o menino sempre via com seu pai e os dois irmãos mais velhos, tudo quanto era tipo de competição que passasse na televisão.


Futebol, Basquete, Vôlei, Olimpíadas, houve até mesmo a fase do Curling e demais esportes de inverno.


O processo de aceitação, claro, foi longo e penoso, mas Caíque conseguiu superar todos os obstáculos, pois sempre se cercou das pessoas certas e isso se refletiu quando começou a participar de vários esportes paraolímpicos.


Ainda assim, algo que ele nunca contou a ninguém, primeiro porque na infância seu foco era superar a invalidez e, depois de mais velho, por pura vergonha.


Ele tinha uma fobia imensa de carros.


Nos meses seguintes ao acidente, Caíque sentia náuseas e tontura, cada vez que seus pais precisavam levá-lo para os exames e, na época, tanto médicos quanto familiares acreditavam se tratar apenas de algo relacionado aos traumas que o jovem, claramente, havia desenvolvido.


Quando ele finalmente percebeu o que causava seus ataques de pânico, até por gratidão a todas as pessoas que o estavam ajudando, Caíque se controlava o melhor que podia.


Sempre que possível, claro, ele também evitava ao máximo depender ou precisar entrar em um carro.


XXX


Caíque acordou desnorteado.


Estava caído sobre sua cadeira de rodas de competição, mais ao fundo do que restara do furgão e então levou a mão até a testa e ela voltou emplastrada de sangue.


Uma concussão, ele pensou, para logo olhar ao seu redor, tentando encontrar Carina e os demais membros de sua equipe, ao mesmo tempo em que analisava os estragos em sua cadeira.


Um gemido chamou sua atenção e, ao se virar para a direita, seus olhos se arregalaram.


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4 Comentários

  1. Caraca, Caíque provavelmente vai dar de cara com seus amigos já zumbificados! Tenso, imagina se com toda a mobilidade intacta, a gente já teria problemas num apocalipse zumbi, agora, se colocar no lugar do Caíque e tentar entender como ele deve tá se sentindo no meio de toda essa zona, com certeza é pra tu ficar desesperado e na hipótese mais lógica, tipo, jogar a toalha, "ok, acabou pra mim, vou ficar aqui até morrer e pronto!" Realmente ver tantas nuances diferentes sobre um mesmo assunto, tantos pontos de vista diferenciados, faz a gente ir muito além do padrão, fugir de zumbis, a treta é muito maior e muito mais problemática sem dúvida alguma! Parabéns meu amigo, mais um capítulo muito bom!!

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    1. Brigadão pela leitura e comentário!
      Com esse novo personagem e arco eu quis mais uma vez me distâncias de alguns clichês que a gente vê em filmes de zumbis, onde os personagens sempre reagemrapidamente à uma situação tão adversa, muitas vezes todos já tendo armas e acertando headshots de primeira.
      foi um desafio fazer algo pensando num tipo de limitação à qual é tão esctranha para mim...
      Espero acertar a mão

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  2. Excelente capítulo, onde o drama e a superação de Caique foi muito conduzido e explorado.

    E ficou muito bem narrado o desespero que tomou conta dele e dos colegas , quando da invasão zumbi, embora , ele fosse o que mais tivesse com a vcabeça no lugar.

    Mas, o final , me deixou intrigado. Se for o que erstou pnsando , será algo deseperador.

    Parabéns!

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    1. Valeu mesmo!
      Em certaz situações, às vezes, quem consegue se manter focado é quem menos se espera...
      valeu mesmo!

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