Terra Zenith - Resgate, a série #1


 Eis que uma nova série se inicia.

Quando iniciei essa nova versão do Resgate, passei por dezenas de textos, que seriam focados apenas nel, ou em sua equipe, ou ainda apenas em forma de one-shots, focadas em vários personagens, até finalmente chegar a esse formato.

No fim optei por uma nova série do Resgate, onde apresentarei diversos personagens e outros detalhes do universo da Terra Zenith, que podem ou não ganhar one-shots, mini séries ou até mesmo séries próprias.

Vejamos até onde conseguirtei chegar.

Sem mais delongas... Boa leitura!



Terra Zenith.

Resgate #1.

Quebra de rotina.


O incêndio já durava horas, mas finalmente todos os sobreviventes estavam fora de perigo, graças ao homem uniformizado que acabara de descer até uma rua adiante, onde as ambulâncias o esperavam, iniciando ali mesmo os primeiros socorros.


Mais um ótimo trabalho amigo… Se quiser pode encerrar a noite e…


Tá me zoando Romero?


O homem que se chamava Resgate ia caminhando ao lado do capitão do corpo de bombeiros, do batalhão que ele mesmo servira no passado, ambos seguindo na direção de um dos caminhões vermelhos, que mantinham as sirenes ligadas.


Agora que o trabalho pesado começa


Dizendo isso ele ajudou a desenrolar mais uma mangueira, se posicionando ao lado dos demais bombeiros, ajudando-os no controle das chamas, que iam consumindo lentamente o prédio diante deles.


Como todo incêndio daquela magnitude, o processo para extingui-lo por completo levou várias horas, o que fez com que Resgate só deixasse o local enquanto os primeiros raios de sol começavam a despontar sobre a cidade de São Paulo.


Sendo envolto pela névoa característica de quando ele acionava seus poderes zeniths e voando baixo, conseguiu chegar ao prédio onde morava sem chamar a atenção de ninguém na cidade, que ia iniciando os movimentos iniciais do dia.


Muitos seguiam para os pontos de ônibus, outros saíam apressados com seus carros e motos, todos rezando para que o trânsito não estivesse pesado demais ou, como isso era quase impossível, que, ao menos, não chovesse.


Assim que atravessou o teto do prédio, seguindo pelo fosso do elevador, tomando cuidado para não assustar ninguém, logo ele estava dentro de seu apartamento, desativando seus poderes e uniforme, cujos nanorrobôs deslizaram até acabarem se concentrando na forma de um relógio, que ficava ao redor do pulso direito de Jonas Nogueira de Souza.


Bem vindo… — Amanda Rodrigues, a jovem que morava com Jonas, como sempre, já estava acordada e pronta para ajudar aquele que lhe estendera a mão quando ela mais precisava. — Café?


Valeu moça... — Assim que pegou a caneca, Jonas sorveu com gosto um longo gole. — Delícia... O que eu faria sem você por aqui?


No mínimo... — a bela ruiva dava as costas para ele, tentando caprichar na sensualidade enquanto voltava para seu quarto. — Você ia se atrasar muito para levar as crianças prá escola…


Jonas deu uma engasgada com o café, só agora realmente notava a hora, percebendo que, em minutos, começaria mais uma de suas árduas batalhas, para fazer seus filhos, os gêmeos Marina e Renan, se arrumarem a tempo para sair de casa.


As roupas estão todas separadas, as mochilas prontas... Vou me trocar enquanto você acorda os monstrinhos...


Mesmo sentindo nada mais que um amor fraterno pela jovem amiga, Jonas não conseguia ignorar totalmente a beleza de Amanda, usando de toda a sua força de vontade, para resistir a avançar sinais que não deveriam ser avançados.


Por isso, afastando todo e qualquer pensamento que deveria realmente evitar, Jonas se encaminhou para o covil das feras, também conhecido como o quarto dos seus filhos.


Bom di...


Jonas mal abriu a porta e sua frase foi interrompida, quando um travesseiro voou certeiro na direção de seu rosto, antecipando o ataque furtivo que veio em seguida.


Um pequeno corpo se lançou contra suas pernas, tentando agarrar seus joelhos, tirando assim o equilíbrio do grande alvo, deixando-o pronto para o segundo ataque.


Algo que poderia ser descrito como uma minibola de demolição o atingiu na altura do estômago, conseguindo fazer com que Jonas caísse de costas no chão, se tornando uma presa fácil para que seus oponentes saltassem sobre ele, cobrindo-o de beijos e cócegas.


As risadas entrecortadas por gritinhos de “papai” era o que mais fazia Jonas ter certeza de que abraçara a vida correta, agindo para tornar o mundo um lugar seguro para seus filhos, primeiro como bombeiro, depois como um herói.


Por isso ele sempre tentava aproveitar ao máximo os momentos de alegria que tinha com os gêmeos, mesmo estando quase atrasado para sair, o que Amanda, que acabara de sair de seu quarto, ajudava demais.


Tia Amanda! — Renan era o mais empolgado. — A gente conseguiu!


Mas só por que eu bolei o plano! — Marina deixava claro que sua participação naquela bem-sucedida missão fora o motivo de tudo dar certo. — Eu que falei prá usar o travesseiro! Você viu né pai?!


Se vi? Fui a vítima indefessa nesse terrível ardil! Mas agora vocês terão minha vingança...


Imitando um rugido feroz, Jonas correu atrás dos gêmeos, enchendo-os de cócegas, para logo acionar seu estado de “pai sério” e colocar ordem na casa para que os dois se aprontassem para a escola, pois ele queria chegar na hora, ao menos um dia.


Claro que, como de costume, saíram atrasados e com pressa.


Não muito longe dali, no alto do Edifício Platina, o ar sofreu uma distorção, revelando a abertura de um portal, por onde surgia uma figura encapuzada, com uma máscara metálica a lhe esconder as feições.


De fato... — sua voz soava rouca, como se arranhasse sua garganta ao sair por sua boca. — Nesse mundo eles também existem... Excelente... Que a Caçada Mortal se inicie...


Dizendo isso ele foi até a borda do edifício e, sem hesitação alguma, saltou.


Segundos depois ele sobrevoava a cidade de São Paulo, indo direto para os Jardins, um dos bairros mais ricos da cidade.


Num prédio residencial, um jovem estava trancado em seu quarto e, enquanto usava a internet para ofender todos aqueles que não se encaixavam em seus padrões, ou seja, qualquer um com cores de pele, ou orientações sexuais diferentes das dele, ou qualquer outra desculpa, apenas para externar um irracional ódio xenofóbico.


Ao lado algumas seringas recém-usadas jaziam ao lado de pacotes de drogas variadas.


Só o melhor que o dinheiro dos pais de Július Barbosa poderia comprar.


Fútil, cheio de raiva do mundo, covarde...


Fazendo o rapaz se sobressaltar, o encapuzado entrava pela janela, mesmo fechada, distorcendo a realidade ao seu bel prazer, o que fez parte da parede escorrer para baixo como se fosse feita de água e depois voltando ao normal no mesmo instante e logo ele parava de frente a Július, sem o menor barulho.


Ou seja... Perfeito...


Q-quem é você? E-eu...


Július tentou gritar por socorro, mas percebeu que as paredes ao redor ondularam, como se suas superfícies agora fossem líquidas e alguém tivesse jogado uma pedra ali.


Não adianta... Esse lugar está isolado dimensionalmente do resto do mundo... Nada entra ou sai daqui... Sem que eu permita… Nem mesmo o som... Agora... Vamos à diversão e...


Sem ver uma saída, Július se jogou no chão implorando por sua vida, chorando feito uma criança, babando e até mesmo ficando com o nariz escorrendo, um arremedo de ser humano, desprovido totalmente de orgulho ou amor-próprio, ele só queria que o invasor não o ferisse.


Mal sabia que havia outros destinos piores.


Lorde Expurgo... Terminei a análise... Realmente esse traste serve para a infusão... Não vai resultar em nada muuuuuito grandioso... Mas serve como teste...


Ao lado daquele que fora chamado de Expurgo, surgia flutuando uma pequena criatura que parecia feita de pura escuridão, era como gelo derretido, mas completamente negro, não tinha pernas, nem mesmo algo que se assemelhasse a um corpo da cintura para baixo e seus braços, feitos de uma névoa escura, terminavam em longas garras que pareciam do mesmo material do restante do corpo, que tremia discretamente, conforme seu mestre colocava uma das mãos sobre o que devia ser a cabeça dele.


Um tremor que era um misto de medo e prazer.


Muito bem Tenebris....


O rapaz veio se arrastando e, no desespero de implorar mais uma vez, cometeu o erro de agarrar uma das botas do encapuzado, que o afastou com um chute no queixo, fazendo-o perder alguns dentes enquanto seu corpo era jogado contra uma das paredes do quarto, de onde ele se escorou e começando a se abaixar, até se deitar em posição fetal, chorando copiosamente.


Um visor vermelho se acendeu e, enquanto a máscara e alguns detalhes do uniforme começaram a emitir um brilho rubro, Expurgo começou a flutuar.


Faça. Agora.


A voz ressoou áspera, desprovida de qualquer outro sentimento que não desprezo completo, enquanto o pequeno e disforme servo foi se aproximando, estendeu as afiadas garras na direção do jovem caído.


Os poderes do invasor evitaram que os urros animalescos de dor e agonia chegassem a quem estivesse do lado de fora do quarto e, sem nenhum aviso sequer, algo destruiu toda a parede do apartamento, ganhando as ruas, indo em direção de uma escola infantil.


A mesma onde um atrasado pai finalmente chegava para deixar seus filhos gêmeos, já preparando um milhão de desculpas para os funcionários, que teriam de interromper seus afazeres para abrir os portões.


Uma explosão ao longe, porém, fez com que Jonas pegasse seus filhos a tempo de tirá-los do caminho de uma moto, que parecia ter vindo voando do meio de um tumulto a poucas ruas de distância.


O veículo se chocou algumas vezes contra a calçada e outras pela rua, em transversal, terminando seu trajeto no meio de poste próximo.


Fecha o portão e leva as crianças para um lugar seguro!


Jonas, ainda com os gêmeos nos braços, se afastou da escola, torcendo para que o porteiro tivesse entendido o que ele dissera e não ficasse congelado, seguindo rápido de volta ao seu carro, onde Amanda já se encontrava atrás do volante.


Já sabe o que fazer certo?


Ela sabia e logo o carro já estava longe do perigo, deixando assim um preocupado e irado pai para trás, que logo estava escondido em uma esquina, tomando cuidado para que ninguém visse o que ia fazer.


Assim que ergueu o punho direito, seu relógio sofreu uma pequena reconfiguração, se tornando um bracelete.


Acionar Unidade Resgate.


Assim que o comando de voz foi dado, do aparelho no pulso de Jonas, minúsculas partículas começaram a se espalhar, numa velocidade cada vez maior, até cobrir todo o corpo dele com uma armadura branca e vermelha, com vários detalhes dourados.


Jonas havia entrado naquela esquina, mas foi o Resgate quem saiu de lá voando, envolto em sua característica névoa, seguindo rápido novamente para os portões da Escola Infantil Passos Certeiros.


Com alívio ele percebeu que, nos poucos instantes em que se ausentara, nenhum outro veículo fora lançado contra aquela rua, mas logo o motivo da comoção foi se aproximando, na forma de uma criatura humanoide, mas coberta por algo que parecia um tipo de material escuro e pegajoso, que vinha descendo dos céus, pousando ruidosamente a poucos metros do herói.


Ele tinha uma compleição magra, braços extremamente compridos, assim como suas pernas, a musculatura não parecia exagerada, pelo contrário, quem visse aquela criatura, à primeira vista teria a impressão de que era tão fraca que se partiria ao meio, caso fosse abraçada com força.


Nos ombros haviam protuberâncias pontiagudas, espelhadas pelas garras projetadas tanto pelos dedos das mãos quanto dos pés.


Olhos aparentemente sem vida, leitosos, numa cor amarelada e doentia, pareciam incapazes de focar em algo, enquanto do alto da cabeça que, de tempos em tempos, exibia violentos tremores, despontavam dois imensos chifres.


Será que tem alguma chance de resolvermos isso sem apelar prá violência?


Rústico... Rústico... — conforme ia avançando, a cada passo, a criatura deixava escorrer se seu corpo uma gosma escura, o que formava um estranho e nojento rastro. — Rústico... Rústico...


Certo... Hã... E eu sou o Resgate... Agora que tal você ficar paradinho prá podermos conversar e...


De repente a criatura levou as mãos à cabeça e soltou um urro animalesco para, logo em seguida, esticar um braço na direção de um carro estacionado ao seu lado direito.


Seus dedos se converteram em uma espécie de tentáculos que envolveram o veículo e, demonstrando uma força que não condizia com seu tipo físico, conseguiu arrastar o carro até ele e erguê-lo por sobre sua cabeça.


Em seguida ele o arremessou na direção de Resgate.


Sem conversa né? Tudo bem...


E então o combate se iniciava.



Continua.


Galeria de imagens.


Resgate.






Expurgo e Tenebris.





Rústico. 




Postar um comentário

2 Comentários

  1. Gostei do que li , principalmente, no que tange à paternidade de Jonas.

    Bacana essa parte!

    Mas, voltando para o cenário da ação, temos uma trama ardilosa em curso ,agindo às sombras da maldade humana.

    O tal de Jullius, um babaca de elite, seria a sua primeira experiência do misterioso Expurgo.

    Quem estará por trás dele ?

    Qual o intento ?

    Vejamos como Resgaste se porta diante dessa ameaça.

    Parabéns!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu pela leitura e comentário.
      fico feliz que você tenha gostado. Espero que continue curtindo o que vem por aí.

      Excluir