2. Lutando pela sobrevivência.


E a desgraça continua.

Quando comecei esse título, eu queria postar reamente um capítulo toda sexta.

No site anterior eu não consegui, mas acredito que agora, com cerca de oito capítulos "adiantados" irei conseguir.

E hoje vejamos como Fred vai despertar nesse mundo desgraçado que se formou ao redor dele... Vai sobreviver? Vai se transformar? Ou será apenas um lanchinho para os zumbis?

Vamos descobrir já.

Boa leitura! 




2. Lutando pela sobrevivência.


Assim que despertou, com os primeiros raios de sol passando pelas persianas do escritório, Dantas ficou desnorteado, imaginando que o Happy Hour tinha sido tão bom que ele deveria ter acabado por dormir com a Kamila e estava acordando na casa dela.


Levantou do sofá de forma vagarosa, levando alguns instantes para se lembrar do que acontecera na noite anterior e finalmente perceber o motivo de estar ali e onde era exatamente ali.


Sentindo o estômago embrulhar, ele foi até a janela e arriscou colocar as persianas para o lado, percebendo que, em vários pontos da cidade, grossas colunas de fumaça se erguiam aos céus.


Ele se perguntou novamente como o mundo poderia ter ido para a mais completa merda em tão poucas horas, após o final do expediente de sexta-feira.


De repente o som de algo caindo na pequena cozinha o despertou de seus devaneios, deixando-o totalmente alerta, ao se lembrar do inferno passado na noite anterior, quando ele teve que fugir dos monstros que pareciam ter surgido do nada.


Ele se colocou de pé, já entrando em desespero por não ver nada próximo que pudesse usar de arma, se amaldiçoando por não ter pego, ao menos, uma faca na cozinha antes de se trancar para dormir.


O máximo que conseguiu para se “armar” foi um pesado perfurador de papéis, daqueles antigos, feito de ferro fundido, que ele segurava como se fosse um soco inglês.


Sem saber exatamente como usaria aquilo para se defender, ele só não queria ficar de mãos vazias, Dantas foi devagar, pé ante pé, até chegar a porta que dava passagem para o restante do escritório.


Com um cuidado imenso ele se aproximou da porta, a destrancou e a abriu o mais devagar que pode.


No instante seguinte algo o empurrou e caiu sobre seu corpo.


Um fedor terrível se espalhou no ar, algo como carne podre queimada, conforme o jovem precisava se manter longe de dentes enegrecidos, que tentavam de qualquer maneira se cravar nele.


Merda! Merda! Merda!


Era a primeira vez que ele entrara em real contato com um dos monstros, na noite anterior ele só havia corrido deles, evitando-os graças ao som de seus gemidos.


A pele estava acinzentada e macilenta, com uma temperatura que dava a impressão de arder em febre, parecia prestes a queimar a pele do braço que ele estava usando para se proteger, encaixado na garganta do monstro.


A criatura dava mordidas no ar, errando por pouco a ponta do nariz de sua presa, as mãos, transformadas em garras, se mantinham espalmadas no chão, ao redor da cabeça de Dantas, que nem conseguia gritar, tamanho o medo primevo que se apossara de seu espírito.


Tudo o que ele queria agora era sobreviver.


Na sua cabeça passava tudo o que ele tinha feito e o que ainda queria fazer.


Ao colocar o rosto para o lado, aumentando assim a distância entre ele e aqueles dentes apodrecidos, Dantas viu o perfurador caído ali perto e uma decisão urgente teve de ser tomada.


Encontrando forças onde ele nem imaginava ter, o rapaz conseguiu empurrar o monstro para o lado oposto, girando o corpo para a direção de sua “arma” e, assim que a pegou nas mãos, voltou-se a tempo de evitar outra mordida.


Em seguida foi como se tudo ficasse vermelho para seus olhos, tudo o que ele queria era acertar o monstro com todas suas forças, uma, duas, cinco, dez vezes.


Só parrou quando, praticamente, não restara nada da cabeça do monstro.


Logo Dantas estava de pé, com certa dificuldade, as pernas bambas por causa da adrenalina, mas logo ele viu a porta de entrada do escritório, por onde o monstro passara.


Ainda agindo no automático, ele correu e, com todo cuidado possível, da forma mais silenciosa, fechou a porta e, dessa vez, a trancou.


Ele voltou para o sofá, não sem antes dar alguns chutinhos no monstro caído, cujo restos do rosto escorreram mais um pouco, aumentando a massa escorrida de carne podre, sangue escuro e dentes quebrados, deixando claro também que sua temperatura interna estava caindo.


Assim que alcançou o móvel onde passara a noite, a adrenalina finalmente pareceu diminuir e ele desmaiou.


O som de uma explosão próxima acabou acordando o jovem, que se ergueu novamente sentindo-se perdido, precisando correr até o pequeno banheiro, quando o cheiro do monstro o acertou em cheio.


Vomitando até o que não tinha comido, ele mal conseguiu pensar sobre o que tinha acontecido ou no que fazer a seguir, por isso acabou seguindo as horas do dia mais por instinto do que por pensamento consciente.


Vencendo o nojo, conseguiu levar o corpo do monstro até a entrada do escritório e, após vários minutos de hesitação, abriu a porta que dava para o corredor do prédio e o jogou para fora.


Passou um bom tempo se limpando depois, sem se preocupar com a água que gastava do banheiro e só então, após praticamente acabar com todos os produtos de limpeza no local onde a criatura estava caída, ele pensou em ir até a janela do escritório e ver se algo estava acontecendo.


Tirando vários pontos da cidade onde era possível perceber que ainda haviam incêndios, principalmente pelas colunas de fumaça que se erguiam aos céus, o que mais lhe chamava a atenção era o silêncio opressor de uma cidade que raramente parava.


Sem outras ideias do próximo passo a seguir, ele deu as costas para a janela, deixando-a escancarada, querendo renovar o ar do escritório, pretendendo ligar outra vez o laptop e tentar falar com seus pais.


Foi quando o pesadelo recomeçou.


Um grito de desespero o fez se voltar para a janela, a tempo de ver a primeira pessoa a passar pelo andar onde ele estava, uma mulher de meia idade, seguindo rápido para o chão, vários andares abaixo.


Depois foi um rapaz, de no máximo, vinte anos.


Um homem e uma mulher em seguida, depois três dos monstros.


Todos pulando do alto do prédio.



 

 

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2 Comentários

  1. No desespero para sobreviver, na adrenalina do momento, muitas vezes fazemos coisas que depois ficamos nos questionando: "como conseguimos fazer isso?"

    O medo e a coragem, meio que se complementam e a pessoa tira "leite de pedra", fazendo coisas teóricamente impossíveis.

    Essa dualidade de sensações foi o ponto alto desse segundo episódio.

    Você explorou muito bem isso!

    Ficou top!

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    1. Obrigado mesmo pela leitura e comentário.
      Esse título é muito bom para fazer experiências novas de escrita, tentando focar em personagens que são humanos comuns, por isso o foco nas sensações e percepções deles.
      muito obrigado mesmo.

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