19. Coração Valente.


Quando a batalha se intensifica.

O Efêmero está prestes a se libertar e cabe a Caio, Natalie e as Condutoras vencerem a Mãe Primordial e evitarem o fim do mundo e do tempo.

É o penúltimo capítulo e as apostas nunca foram tão altas.

Portanto, sem mais... Boa leitura!


19. Coração Valente.



Primeiro houve um estrondo.


Só instantes depois um portal se abriu na Terra do Fim, onde o Efêmero fora abrisionado.


E por esse mesmo portal passou Caio, também conhecido como Guardião Bisturi, dando passos firmes para fora, sentindo o quão duro era o solo, como o ar estava carregado e de imediato fez sua garganta coçar.


A luz atrás dele brilhou mais intensamente e de repente apagou, deixando claro que agora ele não tinha por onde fugir.


Diante dele o gigantesco mestre dos seculares se erguia, tomando quase toda a paisagem e, vindo em sua direção, a Mãe Primordial avançava, bem como toda uma horda de Seculares dos mais variados tamanhos e formas.


Era chegada a hora da batalha final, uma batalha que exigiria tudo que o guardião fosse capaz de fazer.


Caio estava, realmente, disposto a levar o inferno aos seus inimigos.


Ele tocou em seu peito, acionando seus poderes e, enquanto seus olhos emitiam o típico brilho, o ar ao redor de seus punhos se distorceu.


Quando os inimigos alcançaram uma distância ideal, ele alçou voo.


Incisão!


Os primeiros três seculares que ele alcançou tiveram suas cabeças decepadas, os corpos continuaram a correr por alguns metros antes de finalmente tombarem.


Ainda no ar, ele lançou um sorriso de desafio na direção da Mãe Primordial, disfarçando a preocupação sobre sua resistência, se ele aguentaria o tranco até que suas companheiras chegassem.


O ferimento que recebera na última incursão, ao ter seu corpo trespassado por uma lança, voltou a incomodar, era uma dor que sentia a tempos, até mesmo na realidade falsa em que viveu, que ele não conseguia descobrir de onde vinha.


Desde que fora salvo por Natalie, Cristal e Topázio, a dor aumentou gradativamente.


Obviamente ele não falou nada, já havia muito para ocupar a cabeça das três moças, ainda mais depois do plano que Cristal havia traçado, que resultava em tantos sacrifícios e riscos, por isso ele nem pensava em deixar que algo como uma "dorzinha" atrapalhasse o que ele precisava fazer.


Por isso ele mesmo mandou qualquer incômodo pro inferno, pedindo até para deixarem mais confortável seu lugar lá e continuou atacando tudo o que era enviado contra ele.


Cinco Seculares erguiam ao mesmo tempo imensos braços em formato de lanças, tentando atingi-lo em pleno ar, procurando assim jogar Caio de volta para o chão, onde as tropas terrestres estariam a postos para finalizá-lo.


O guardião se manteve no ar, voou por entre os ataques, desviando de todos, alguns com larga distância, outros por um triz, mas, assim que escapava de um ataque, reduzia a cabeça dos inimigos a uma massa de pedaços cortados com perfeição.


É só o que você tem Mamãe? – nova provocação, que resultou na abertura de um portal logo ao lado da líder dos monstros, o que fez Caio exultar. – É isso! É mesmo possível! Agora sim!


Como que para mostrar o quanto era insensata toda a empolgação que se via nas feições de Caio, a Mãe Primordial fez passar pelo portal dezenas de pteranodontes que, assim que chegavam à Terra do Fim, eram infectados pelos Seculares, avançando com sede de sangue contra o rapaz.


Caio subiu ainda mais alto, pretendia enfrentar os recém-chegados longe do alcance dos Seculares, tendo assim mais chance, caso conseguisse enfrentar uma ameaça por vez.


Ainda estava pensando nas opções quando sentiu uma explosão de dor no flanco direito, o mesmo lado onde fora atingido pela lança, quando um dos monstros praticamente o atropelou em pleno ar.


A falta de atenção custou caro e ele chegou a iniciar uma queda livre, com os vários inimigos no chão aguardando uma chance de acertá-lo.


Não!


Se concentrando ao máximo, ignorando a dor, ele se voltou a tempo de ver dois pteranodons em mergulho na sua direção.


Incisão!


Caio girou em pleno ar e retomou o voo, deixando que os restos dos dinos que o perseguiam caíssem sobre os seculares que o aguardavam lá embaixo.


Melhor sorte na próxima, malditos!


Assim que voltou à altura onde os demais pteranodons se mantinham em voos curtos e circulares, Caio arriscou uma olhada na direção do imenso monstro, cuja existência ele só havia tomado conhecimento por conta da pequena Topázio, mas que era ainda mais inacreditável ao vivo.


O Efêmero, assim como lhe foi relatado, tentava quebrar os grilhões de energia que o mantinham preso e, ao fazer isso, era possível ver os Guardiões Cronais que haviam tombado em combate, reconhecíveis pelas silhuetas e os poderes que exibiam, tentando a todo custo libertar o responsável por toda a situação bizarra em que eles se encontravam.


Assim que conseguiu se esquivar de um ataque, Caio conseguiu identificar Odla e, com crescente espanto, viu que os três raios que ele emitia, pareciam causar um dano verdadeiro aos grilhões de energia.


Não!


Ele mergulhou, escapando do bico de um dos pteranodons, que se fechou vários minutos após ele passar, conseguindo evitar todos os ataques dos inimigos, até alcançar Odla, não sem ficar impressionado com o tamanho e poder que emanava do Efêmero, agarrando o antigo colega pela cintura e o afastando dos grilhões.


O Guardião Bisturi levou-o para o mais longe que conseguiu, antes de receber uma cotovelada nas costas do guerreiro controlado, acabando por cair em meio a um agrupamento dos Seculares.


Afastem-se!


Tentando se erguer desesperadamente, enquanto segurava o companheiro que teimava em atacá-lo, Caio percebeu que a Mãe Primordial, pelo visto e pela forma como erguia sua mão na direção dos dois, resolvera entrar na brincadeira.


Um som agudo se fez ouvir acima de todos os outros, conforme o disparo de energia da criatura atingia o solo, vaporizando chão, ar, seculares, literalmente tudo que entrava em seu caminho.


Em meio a imensa nuvem de poeira e destroços que iam se erguendo, deixando um rastro para trás, surgiram Caio e o ainda controlado Odla, que caíram pesadamente no solo, quicando algumas vezes até finalmente parar, atingindo a base de uma montanha próxima.


Volte e continue.


Imediatamente Odla obedeceu, iniciando uma caminhada lenta e contínua na direção de onde estava o Efêmero, deixando aquele que tentara ajudá-lo, caído e com o corpo tomado por ferimentos.


Ai... Acho que pedir tempo não rola né?


Apesar da tentativa de contornar o desespero, Caio observava os inimigos que se aproximavam, junto com a Mãe Primordial, que ele conhecera como a mais velha entre as Condutoras, vindo ainda mais devagar, querendo saborear o momento ao máximo.


Ela tinha certeza de que, se o poder de Odla já havia causado estrago nos grilhões, com o poder somado do Guardião Bisturi, finalmente seu mestre seria libertado.


Por isso, mesmo dentro da forma monstruosa que assumira, a outrora Condutora, se regozijava por dentro, se tivesse uma boca, ela estaria sorrindo desvairadamente.


E então, uma surpresa.


Com grande dificuldade, Caio se ergueu, as pernas tremiam e ele mal conseguia mantê-las retas, conforme levava seu punho direito até perto da própria boca.


Acho... Que está na hora... Cristal.


Um pequeno brilho e um anel surgia em seu dedo médio.


"Com certeza Caio..." era a voz da condutora adolescente, mesmo a uma certa distância, a Mãe Primordial a ouviu perfeitamente e, se lembrando da criação da moto cronal por sua contraparte adolescente, ela se colocou a correr, ordenando o mesmo para seus servos "Tarde demais... Velha... Vamos lá... Guardião Bisturi!"


A voz de Cristal era emitida pelo anel e, assim que chamou Caio pelo seu codinome, uma manopla de metal negra com vários detalhes em dourado, cobriu o antebraço do guardião, que sorriu e ergueu seu punho.


Lapso... – energias crepitavam ao redor dele, conforme iam aumentando cada vez mais de intensidade, o símbolo dos Guardiões Cronais se partiu em pedaços, enquanto outro símbolo surgia sobre as costas do pulso da manopla, um símbolo que representava o infinito, com um relógio estilizado ao seu redor. – Temporal!


Uma explosão de energia ofuscou todos os inimigos e a onda de choque resultante jogou longe os Seculares, que estavam mais próximos de alcançar o rapaz que, pouco a pouco, ia ressurgindo.


Agora o Guardião Bisturi trazia, não apenas sobre os olhos, mas cobrindo toda a face um tipo de máscara de energia, com várias pontas.


Era como se ele não estivesse mais ferido, pelo contrário, o ar ao seu redor ainda emitia faíscas, vindas das energias que emanavam de seu corpo, agora não mais trêmulo, mas se mantendo facilmente numa posição muito mais imponente, começando a flutuar alguns centímetros do chão.


No rosto um imenso sorriso de satisfação.


E aí? Prontos para o segundo round?



Continua.


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