18. Colossal.

 


Quando a verdadeira ameaça surge.


O run final começou! E aqui conhecemos aquele que será o grande vilão para ser vencido.

Mas... Será possível?

Vamos descobrir.

Portanto, sem mais... Boa leitura!


18. Colossal.



Era visível o incômodo da pequena Topázio enquanto as atenções se voltavam para ela, quando Cristal, Natalie e Caio esperavam ela começar a revelar como havia escapado do controle da Mãe Primordial.


Eu… ― incentivada pelos demais, principalmente por sua versão adolescente, que sentou-se ao seu lado e passou um braço ao redor de seus ombros, ela resolveu se abrir. ― Tá bom… Eu vou contar…


Assim como os demais, ela acordou sobressaltada, completamente apavorada ao se lembrar do fim da incursão em que tudo havia se transformado num caos, mas enquanto Cristal e os Guardiões Cronais haviam ganhado vidas disfarçadamente perfeitas, ela estava em um local de pesadelos.


Ela se ergueu e agarrou barras que formavam uma cela, pior, formavam uma gaiola, que estava suspensa por grossas correntes, balançando lentamente para os lados. Tentou usar seus dons e saltar para algum período de tempo seguro e não conseguiu, mas, ao se virar por causa de um barulho incomum, ela arregalou os olhos.


Diante dela estava o maior secular que ela vira em todo o seu tempo como condutora.


Ele era mais alto do que qualquer prédio pelo qual ela passara perto em sua vida, muito, muito maior, não era possível nem ter completa certeza se ele estava longe ou perto por causa do seu tamanho absurdo, o terreno ao redor era repleto de formações rochosas disformes, não era possível ver nenhum sinal de vida, fosse na forma de plantas ou de animais.


O monstro ocupava quase toda a visão da menina, sua pele tinha aparência de pedra, mas totalmente negra, emitindo uma energia rubra, a face esverdeada brilhava de forma sinistra e no alto da cabeça se destacavam pontas que lembravam chifres.


Seus pulsos estavam presos ao chão por grilhões feitos de energia e de tempos em tempos ele erguia os braços com violência, fazendo assim aparecer pequenas formas humanoides, de tamanho mínimo perto do colosso, mas que, pela proporção, deveriam ser pessoas.


Conforme o monstro puxava seus braços as criaturas, que pareciam feitas da mesma energia que os grilhões, eram jogados longe, para voltar o mais rápido que podiam.


Àquela distância era impossível para Topázio ver ou entender o que as pequenas criaturas estavam fazendo e, de quase hipnotizada como estava, ela nem percebeu a aproximação de alguém ao seu lado.


É de tirar o fôlego, não é?


Topázio soltou um gritinho de susto antes de virar para o lado e se surpreender com quem estava ali.


Efêmero… ― a condutora mais velha estava ali, totalmente nua, mãos na cintura, seus olhos verdes, diferentes dos azuis de Topázio e Cristal, estavam arregalados, sorriso insano nos lábios, a admiração pelo monstro colossal estampada em sua face. ― Lindo não é? Uma das criaturas primevas mais antigas, surgido logo após o big bang, mas mantido aqui, aprisionado, depois de perceber que essa realidade atingiu seu limite e tentar destruí-la, para que outra surgisse em seu lugar.


Eu... Tô com medo...


Ele me encontrou e me ofereceu poderes inacreditáveis. – A condutora mais velha parecia em completo êxtase, mal prestando atenção em sua versão infantil. ― Podendo ir e vir para qualquer período do tempo, poderes que manterei, assim que terminar o que ele me pediu em troca…


Não estou entendendo…


É simples… ― a condutora mais velha mantinha o olhar desvairado na direção do Efêmero. ― Ele me imbuiu da capacidade não só de viajar pelo tempo, como também de descobrir indivíduos que, com um pouco de manipulação energética, desenvolveriam poderes que, ao atingir seu auge, poderiam ajudar a libertá-lo… Olha só para o seu outro lado…


Topázio não conteve outro grito quando finalmente viu um ser feito de luz branca e cegante, igual aos das criaturas que estavam nos grilhões que prendiam o Efêmero e, para horror ainda maior da menina, a forma daquela lhe era familiar.


O―Odla…?


De fato, a silhueta da criatura lembrava muito o gigante russo, quando estava com seus poderes acionados, com as três cabeças de cachorro, uma sobre a própria cabeça e as outras em suas mãos.


O próprio Efêmero o deixou aqui para ter certeza de que você não escapará ou será resgatada, afinal de contas, sua existência é muito importante… Se algo acontecer com você, eu não existirei… A nossa versão adolescente, meu mestre me garantiu, já não é tão importante... Uma vez livre, ele irá nos fundir e ela acabaria por se tornar uma versão paralela, um paradoxo ou vai simplesmente sumir… Não me importo na verdade…


Dizendo isso, ela começou a dar passos na direção do Efêmero, seu corpo sofrendo a típica metamorfose de quando alguém se torna um secular, mas assumindo uma forma que irradiava ainda mais poder e imponência.


Agora sou a Mãe Primordial e assim que o Efêmero se libertar, juntos destruiremos essa realidade, para criar uma muito melhor e mais justa, onde crianças não passarão fome, ou morrerão apenas pela cor de sua pele… Onde mulheres não serão rebaixadas, ou homens inúteis e frívolos não sejam exaltados... Será... Glorioso!


Já totalmente sob a forma da Mãe Primordial, o discurso lunático ficava ainda mais assustador, com ela abrindo e fechando as garras das mãos, deixando claro como estava excitada com a possibilidade do Efêmero se libertar.


Mandei nossa versão adolescente, bem como os dois últimos guardiões cronais, para uma realidade nova, uma que os deixará confortáveis e vivendo vidas próximas da perfeição, para o caso dos Guardiões que estão ali nas correntes são serem o suficiente para libertar o mestre.


Foi só então que a pequena condutora levou as mãos à boca, suprimindo um grito de horror, ao reconhecer de quem eram as pequenas silhuetas brancas que não estavam mescladas às correntes de energia.


Eram todos os Guardiões Cronais que haviam morrido nas Incursões.


Não parem de tentar seus inúteis! ― após uma nova tentativa de se libertar, o Efêmero, outra vez, jogou longe os seres de luz. ― Voltem para as correntes e as destruam!


A mãe primordial se adiantou, ficando alguns passos à frente da gaiola onde a pequena condutora se voltou para aquele que um dia fora Odla Zacip Tchekhov.


Por favor… Me ajuda… ― ela esticava o braço até o limite, tentando tocar o gigante russo, pretendendo usar seus poderes para libertá-lo, mas ela não o alcançava. ― Não… Eu… Preciso de você… Dyadya!


A criatura de luz pareceu estremecer de leve, quando a menina o chamou de “titio” em russo, mas, antes que ela continuasse tentando alcançar o guardião que existia por debaixo daquela estranha energia, a Mãe Primordial, com passos violentos e sem paciência, se voltou para aquele que fora Odla.


Ela não vai a lugar nenhum… Você! Vá logo até lá e ajude a destruir aquela corrente.


Nada.


Não está me ouvindo? ― Apesar de saber que era algo impossível, a Mãe Primordial, se aproximou para repetir suas ordens mais de perto, falando as palavras pausadamente. ― Eu. Disse. Para. Ir. Para. Lá… AGORA!


Ainda assim o gigante não se moveu, quanto muito, pequenos tremores passavam pelo seu corpo.


Odla? – agora Topázio estava aos prantos, sem esperança nenhuma.


Ao ouvir a voz chorosa da pequena condutora que o escolhera, o imenso russo, repentinamente, dobrou o corpo, levou as mãos à cabeça e conseguiu abrir um rasgo na energia que o cercava, libertando assim sua cabeça e um dos braços, para surpresa total da criatura que estava diante dele.


Mas o que…


Zazubrennyy!


A Mãe Primordial teve sua frase interrompida, ao ser atingida na cabeça por uma rajada de energia do guardião, que logo em seguida direcionou seu ataque para o alto da gaiola onde Topázio estava, estourando as correntes e libertando-a.


Fuja agora pequena Malêchka… ― conforme falava, Odla era novamente envolvido pela luz – Fuja e se salve…


Eu… E-eu… Eu o deixei lá e fugi...


Topázio foi envolvida num abraço apertado de sua versão adolescente e chorou copiosamente, externando toda a dor que carregara até aquele momento, enquanto Caio e Natalie apertavam as mãos um do outro, sem conseguir acreditar no que estavam ouvindo, em como foram enganados.


Precisamos fazer algo… Nós… Não podemos deixar nossos amigos desse jeito… Isso sem contar esse tal de Efêmero…


Mas o que podemos fazer Caio? Eu quero muito criar o maior punho de energia que eu conseguir e dar na cara daquela… Biscate… Sem ofensa meninas… Mas… Como fazer isso?


Eu sei como…


Cristal se levantou, ainda afagando os cabelos de Topázio, mas se dirigiu aos dois últimos Guardiões Cronais, no rosto uma expressão determinada.


Isso se tornou uma verdadeira guerra… E se é uma guerra que eles querem… Será exatamente isso que levaremos a eles…


E então a condutora explicou seu plano.


E eles o colocaram em prática.



Continua.


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