13. 300.

 


Quando se invade um filme.


Aqui vemos um deslumbrado Caio às voltas com o cenário histórico que serviu de base para diversas obras, desde quadrinhos a filmes, a Batalha das Termóphilas!

Espero que meu singelo texto tenha ficado à altura das demais adaptações já feita.

Portanto, sem mais... Boa leitura!


13. 300.



Como amante de cinema Caio estava deslumbrado.

Isso é ainda mais épico do que o cinema ou o gibi!


Ele sobrevoou o campo de batalha de dentro do desfiladeiro das Termópilas, vendo que poucos espartanos conseguiam conter o avanço do exército dos persas, graças à vantagem que tinham naquele terreno, mas logo nos céus surgiu o Cronômetro, indicando que o tempo para o fim da Incursão estava correndo.


Ao mesmo tempo, vários soldados do exército que servia ao rei Xerxes sofriam uma violenta transformação, seus corpos se transmutando em algo que lembrava pedra, muitos se aglutinando em criaturas muito maiores, os braços terminando em pontas afiadas, usadas para matar os companheiros mais próximos, criando imensas aberturas nas fileiras dos invasores.


Pelo Hades! ― O líder dos espartanos fazia sinal para que seus soldados interrompessem o avanço. ― Que bruxaria é essa?


Rei Leônidas! ― Caio nunca chegou a pensar em perguntar para Cristal como ele conseguia se comunicar com pessoas do passado, que obviamente não falavam português, mas no meio de uma incursão ele não tinha tempo para considerar esses detalhes, enquanto pousava, desativando seus poderes, diante do rei. ― Por favor não me ataque! Sou um aliado, por menos que minha aparência não deixe isso claro!


O líder de Esparta conseguiu manter o espanto sob controle, não havia se tornado rei permitindo que suas emoções tomassem controle de suas ações.


Tem minha atenção... Como posso chamá-lo, você que veio dos céus como um deus vindo do Olimpo?


Hã... Guardião Bisturi? ― "não que você saiba o que seja um bisturi..." ― Ou só Guardião está bom...


Guardião será então... – o rei espartano dividia sua atenção entre o ser místico à sua frente com os monstros que, apesar de lhe fazerem o favor de diminuir consideravelmente o exército inimigo, ainda eram um motivo de grande preocupação. ― Me diga então... Guardião... De que fossas infernais aquelas criaturas saíram?


Eles são chamados de Seculares e eu e meus companheiros fomos enviados para eliminar todos antes... ― ele olhou para o Cronômetro, mas não havia tempo para poder explicar algo tão complexo, por isso ele resumiu. ― Antes de um período muito curto de tempo...


E podemos fazer algo para ajudar?


Caio comprovava com orgulho de que a coragem daquele rei não era apenas lendas e exageros, muitos outros antes dele, em outras incursões, começavam a falar fino e a rezar, isso antes de sair correndo desesperados.


Tenho dois companheiros vindo logo atrás de vim... ― ele então apontou para cima. ― Devem descer ali do alto, não voando como eu fiz, mas de outras maneiras... Eles apresentarão imagens como essa...


Ao apontar para o peito, ele acionou seus poderes, fazendo surgir o símbolo dos Guardiões Cronais na área acima de seu coração.


Peço que não os ataque... Eles, principalmente uma bela guerreira de cabelos coloridos, terão um plano de ataque... Imploro para que os ajude e avise que eu parti na frente para ganhar tempo.


Vai sozinho enfrentar tais criaturas?


É parte das minhas obrigações...


Que Héracles o acompanhe então jovem Guardião... Farei com que os menestréis honrem vossa coragem em canções e poemas eternos!


Isso seria muito foda!


E no instante seguinte o Guardião Bisturi levantou voo, seguindo direto para o Secular que estava mais próximo, cortando-o em pedaços, deixando um intrigado Leônidas para trás.


"Foda"? O que poderia ser isso?


Antes do grande rei guerreiro se demorar mais alguns minutos em seu questionamento, um grito se fez ouvir do alto do desfiladeiro e, assim como o Guardião Bisturi havia dito, como que vindos também dos céus, dois novos seres de poder divino chegavam à batalha.


Sai de baixooo… ― de repente um gigante desceu até o local, abrindo uma cratera ao pousar, deixando os espartanos ainda mais impressionados. – E chegamos… Térreo... Exércitos de homens pelados e monstros para destroçar...


Das costas dele surgiu uma linda jovem de cabelos alaranjados, que desceu de forma agressiva, enquanto surgia nas mãos imensos punhos de energia, tão brilhantes como o sol.


Ao redor da cabeça e das mãos do gigante haviam imagens espectrais de cabeças de cachorros, trazendo imediatamente a visão tenebrosa de Cerberus às mentes dos guerreiros presentes.


Vocês viram alguém parecido com a gente?


Ainda assombrado e sem palavras, algo que havia ocorrido raríssimas vezes em sua vida, o Rei Leônidas apenas ergueu um dedo na direção do exército persa.


Ao longe era possível ver que muitos Seculares estavam se formando, tentando compensar os que eram fatiados pelo Guardião Bisturi.


Ah, sim, claro… ― ela então preparou os punhos, flexionando as pernas, pronta para se lançar ao combate. – O Caio sempre quer a diversão só pra ele… Tá pronto grandalhão?


Da… ― diante das bocas de cada cabeça de cão, iam surgindo as esferas de energia, características dos poderes do russo. – Ou, como dizem os americanos… Eu nasci pronto…


Esperem! ― reconhecendo a ameaça dos seculares, o Rei Leônidas não poderia ficar de braços cruzados, deixando uma menina e dois guerreiros lutando sozinhos contra aqueles monstros. ― Me digam o que posso fazer para ajudar.


Pega de surpresa Natalie parou seu avanço, sem saber o que dizer, foram raras as vezes em que alguém se propunha a tentar ajudá-los, ao invés de apenas sair correndo.


Hum... ― Ela olhou várias vezes ao redor, analisando a situação, antes de ter uma ideia e se voltar para o rei Leônidas, fazendo o impensavel para a época, tocando sua mão conforme lhe dizia o que fazer. ― Por favor, se puder, continue atacando os persas... É entre eles que os Seculares estão surgindo... Se os mantiver, ao menos, afastados uns dos outros, pode dificultar a formação daqueles monstros maiores...


Espartanos! ― com uma delicadeza inesperada pela guardiã, o rei afastou a mão dela e se voltou para seus compatriotas. ― Os enviados dos deuses pediram a ajuda de reles mortais! Não iremos desapontá-os! Viemos até aqui para que todos aqueles que ouvissem nossa história, erguessem suas armas contra os malditos invasores persas! Pois faremos as crônicas de nossa batalha, agora contra terríveis demônios, ecoar por toda a vida! Ao ataque!


Impressionada e também inspirada pelas palavras do rei, Natalie ergueu os punhos brilhantes e avançando rapidamente, logo alcançou seu primeiro secular.


Marteau de Dieu!


O tronco inteiro do inimigo foi completamente despedaçado.


A Guardiã D'acier aproveitou uma das pernas que caia para o lado, saltando sobre ela, tomando assim impulso e se jogando contra um aglomerado amorfo que ia tomando a forma de outro secular.


Os punhos se ergueram e, quando desceram, pedaços de um monstro ainda não formado, alguns mesclados com partes humanas, foram espalhados pelo chão do campo de batalha.


Um inimigo eliminado antes mesmo de se tornar uma ameaça.


Um momento de distração e um Secular pequeno, que surgiu de apenas um dos soldados persas, antes de tentar ser parte de um maior, brandiu o braço em forma de espada pelas costas da guardiã.


Ele não conseguiu se aproximar, pois logo tombou com uma lança espartana enterrada no meio da face amorfa.


Natalie olhou na direção de onde a arma deveria ter vindo e viu o Rei Leônicas já pedindo outra lança para um de seus homens.


Ela o cumprimentou com um aceno de cabeça e então seguiu na direção de outro secular que estava se formando, aquela ideia havia acabado de lhe passar pela mente, tentar se adiantar antes dos inimigos estarem completamente formados e, talvez assim, conseguir eliminar os inimigos com folga antes do Cronômetro chegar ao fim.


Zazubrennyy!


O Guardião Tseber conseguia detruir os maiores Seculares com seus disparos de energia, impedindo assim que algum deles pudesse atacar o Bisturi, que voava por entre os inimigos, fatiando seus membros, deixando-os caídos, o que era aproveitado pelos colegas, que acabavam por finalizar os inimigos.


Os espartanos, seguindo as ordens e o exemplo de coragem de seu rei, ajudavam como podiam, muitas vezes eles conseguiam eliminar os persas que iniciavam suas transformações e algumas vezes conseguiram o feito impressionante de derrubar seculares recém formados.


Irmãos! Não esmoreçam! Hoje comeremos um banquete no próprio Olimpo tendo os deuses por testemunhas! Por Esparta!


E eles avançavam.


O número de seculares de fato parecia diminuir, reanimando a moral não só dos guardiões, como a dos guerreiros de Esparta, que até trocavam gracejos entre a queda de um ou outro inimigo, fossem monstros ou homens.


Incisão!


Caio destruiu o último secular e então o exército persa, os humanos que ainda restavam, debandaram de volta para os navios que os haviam trazido até ali, permitindo ao guardião ver que o tempo do cronômetro ainda estava longe de acabar, por isso deu algumas piruetas no ar, se exibindo para Natalia, que acenava de volta, animada com a possibilidade de passar mais tempo livre com seu amado.


De repente o horror.


Uma imensa lança zuniu pelo ar, atingindo Caio, que caiu pesadamente sobre uma pilha de restos que haviam sobrado dos inimigos, partes dos corpos de humanos e seculares.


Todos os presentes olharam para o local de onde a lança havia partido, descobrindo horrorizados que, na retaguarda do exército de Esparta, vários monstros se aproximavam.


Sem criar alarde eles surgiram entre os próprios homens da guarda pessoal do rei Leônidas e, aproveitando do descuido nascido da destruição dos monstros à frente, não repararam no que acontecia logo atrás.


Caio! ― Natalie começou a correr na direção de onde seu amado havia caído, no coração apertado uma prece desesperada, pedindo para que ele não morresse, quando algo lhe chamou a atenção.― Mas o que é agora?


Enquanto Leônidas tentava reorganizar seus homens, preparando uma defesa que seria inútil, o Guardião Tseber tentava abrir caminho pelos guerreiros, para poder usar seus poderes contra os inimigos que haviam acabado de surgir.


Ele não teve a chance de efetuar um único disparo.


No céu o Cronômetro parou, depois se distorceu e então explodiu.


Na entrada da Estação Chronos, as Condutoras mais jovens se abraçaram espantadas, enchendo a mais velha de perguntas sobre o fenômeno nunca antes vistos nas incursões, principalmente sobre o que iria acontecer agora, como deviam proceder.


A Condutora mais velha deu alguns passos para fora, tocando o solo da terra de 480 AC, deixando suas contrapartes desconcertadas e, enquanto olhava para o céu, vendo sumirem os últimos vestígios do Cronômetro, um sorriso se formou na sempre tão séria face, quando ela deu voz ao que estava sentindo.


Finalmente começou!



Continua.






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