12. Easy Rider.

  


Quando adaptações são necessárias.


E começa agora uma série de histórias que começarão a encaminhar o título para o run final.

Quando escrevi Estação Chronos o mundo estava em plena pandemia e isso se reflete no texto.

Mas finalmente estamos melhor, pelo menos no que diz respeito a esse assunto.

E vamos em frente!

Portanto, sem mais... Boa leitura!


12. Easy Rider.



Caio estava muito preocupado.

Na televisão as notícias não eram animadoras a respeito de um fim para a epidemia que assolava o mundo.

Aglomerações estavam proibidas, o que dificultaria muito a ida até o metrô, caso ele fosse convocado pela Condutora.


O rapaz não fazia ideia de como proceder, ele nunca entrara em contato com a Cristal, por isso só lhe restava aguardar e se resguardar.


Semanas se passaram desde a última incursão, Caio até se pegava imaginando que talvez, apenas talvez, os tais Seculares haviam desistido e, sem que fosse necessário reunir outra vez os guardiões, ele nunca mais seria convocado.


Para sua surpresa, a possibilidade de não ver mais Natalie era o que mais o incomodava naquele cenário, ele ainda acreditava quer eles se veriam mais vezes, que haveria, ao menos, um momento para que pudessem se despedir.


Sem outra opção, ele voltou aos estudos atrazados, tudo on line para evitar aglomerações, mal conseguindo prestar atenção nas aulas, qualquer pequena distração servia de desculpa para afastá-lo do notebook.


Certa manhã de sábado, ainda sem poder sair de casa e com ânimo zero para ver alguma das várias aulas acumuladas da semana, Caio seguia para o banheiro, barbudo, descabelado, só de cueca, totalmente largado.


Olá…


E lá estava Cristal, a condutora jovem, sentada no seu sofá.


O jovem se espantou, sem saber se cobria a cueca, o rosto, ou se saia correndo de volta para o quarto.


Acabou optando pela última escolha e só depois de uma rápida ida ao banheiro, uma barba feita ainda mais rápido, deixando vários pequenos cortes, a troca da cueca usada de alguns dias e uma roupa limpa, ele finalmente venceu a vergonha e voltou para a sala.


Cristal! Mas que surpresa menina… Tinha até esquecido de todo esse lance de Guardião Cronal… Minha vida anda tão agitada e corrida…


Sei… Claro, claro… Será que você tem tempo para mais uma incursão na sua tão ocupada agenda?


Hum… Vou pensar no seu caso e conferir… ― ele ficou de costas para a garota e fingiu estar foleando algo no ar, para só depois se voltar para ela. ― Olha só… Tá com sorte moça… Meu dia está totalmente livre… Sou todo seu…


Certo, certo… ― a bela Condutora ficava ainda mais linda graças ao sorriso sincero que exibia, forçando Caio a se lembrar de Natalie, evitando assim fazer aguma gracinha mais direta, conforme ela se espreguiçava, depois de saltar do sofá. ― Vamos então?


Só tem um problema… As estações de metrô estão fechados…


Metrô? ― agora a moça caprichava com seu melhor sorriso. ― Aonde vamos não precisamos de… Metrô…


Uau! Uma citação a De volta para o Futuro? Menina, você é uma caixinha de suspresas!


Você ainda não viu nada… Vamos!


Mais uma vez desculpe, devochka… ― na Estação Chronos, enquanto esperavam a chegada de Caio, o gigante Odla pedia desculpas, pela milionésima vez, para Natalie. ― Eu juro que não quis dar alguma impressão errada a respeito do banheiro…


Já disse que está tudo bem grandalhão… Pode ficar sossegado… Nem eu nem o Caio levamos a mal o que você falou… Relaxa...


A garota falava sem olhar para o gigantesco colega, preferindo ficar de olhos baixos, disfarçando a tristeza e preocupação com sua irmã, fazendo carinho em Burgo, o cãozinho do russo.


De repente tanto os Guardiões quanto as Condutoras, que estavam aguardando, tiveram suas atenções atraídas para o túnel de onde os trens cronais chegavam.


Uma pequena luz ia surgindo, mas o som não era o de um trem.


Parecia com o de outro tipo de veículo.


De repente uma moto saltou para dentro da Estação, pilotando estava Caio, com a Condutora jovem em sua garupa, segurando-o firmemente pela cintura.


Caramba! ― momentos antes, Caio e Cristal, ambos devidamente usando máscaras, chegavam na calçada diante do prédio onde o rapaz morava. ― Que moto foda!


Lembrando o modelo da kawazaki, mas toda preta e sem nenhum adesivo, a moto reluzia sob o sol, o rapaz sentia como se ela implorasse para ser montada e pilotada.


Caio… Conheça minha nova criação… a Moto Cronal.


O rapaz sorriu, um sorriso impossível de ser visto infelizmente, mas que Cristal conseguiu perceber pelo brilho nos olhos dele, por isso ela foi até a moto, pegou um capacete para si e estendeu outro na direção dele.


Vamos dar uma volta… Daí explico o motivo do “presente”…


Assim fizeram e logo Caio percebeu que os capacetes possuíam pequenos comunicadores, quando a garota pediu para ele seguir até algum trecho longo de estrada, para aumentar mais a velocidade.


E não se preocupe com polícia ou multas... Assim que a Moto Cronal é ligada um campo de distorção do tempo e espaço se forma ao seu redor, estamos completamente indetectáveis, mas ainda podemos acertar algo que entre no nosso caminho, por isso precisamos ir para algum lugar sem obstáculos para acelerar ao máximo...


Pode deixar!


Desse modo em pouco minutos ele chegavam à rodovia Dom Pedro I e, aproveitando o fato de que quase ninguém estava fora de casa, Caio pode acelerar ao máximo, como lhe fora dito.


Foi necessário pouco mais de dez minutos para o velocímetro do veículo atingir seu ponto máximo e, quando um verdadeiro show de luzes estroboscópicas começou a pipocar diante deles, a Condutora apertou ainda mais a cintura de Caio.


Permaneceram naquele túnel de luz por alguns segundos e logo estavam chegando até a Estação Chronos.


Isso foi épico!


Devido à empolgação do momento, enquanto uma plataforma erguia a moto e a tirava dos trilhos, Caio correu até Natalie, tomou-a nos braços e então trocaram um longo e apaixonado beijo, enquanto burgo latia e saltitava ao redor do casal e Odla colocava a manzorra de leve sobre os olhos da pequena Condutora, que se divertia tentando livrar a vista.


Impressionante... ― agora a Condutora mais velha se aproximava de sua versão adolescente, analizando o veículo que ela havia criado. ― Uma moto que pode acelerar tanto quanto o Trem Cronal, podendo assim penetrar na barreira do tempo, fazendo as vezes do próprio trem...


Era isso ou termos que contar com um guardião a menos...


Tá foda mesmo a situação... O Corona vírus não veio prá brincadeira...


"Então ele veio de 2020..." Natalie lembrava-se da terrível epidemia sobre a qual ela estudara quando criança "Eu nem fazia ideia da diferença entre nossas épocas... No tempo dele meus pais deviam ser crianças... Talvez nem tivessem nascido..."


Enquanto Caio evitava com brincadeiras que Odla mexesse ou se sentasse na moto, mas deixando a pequena Condutora brincar a vontade, Natalie se afastou, abraçando a si mesma, tentando pensar em quando ela poderia fazer sua vida se aproximar de algo perto do normal.


Se puder ter a atenção de todos... ― agora a Condutora mais velha chamava a atenção de todos os presentes. ― Não viemos aqui para admirar as incríveis habilidades de minha jovem companheira... Guardiões Cronais... É hora da Incursão.


Todos então se puseram a subir as escadas rolantes, que os transportariam para algum período histórico, onde teriam de enfrentar os terríveis Seculares e sobreviver.


Odla seguia na frente, em um dos braços estava Burgo, louco para descer, dando trabalho para o gigante russo segurá-lo, mas que ele fazia com um sorriso enorme no rosto.


Natalie aceitou a mão que Caio lhe estendeu, a garota sentia-se reconfortada pelo relacionamento, mesmo descobrindo a pouco que estavam fadados a permanecer separados quando tudo aquilo finalmente acabasse.


Era mais um motivo para aproveitar cada momento de calma que eles tivessem, por isso conforme as escadas rolantes levavam a todos para cima, num trajeto que sempre levava alguns minutos, sem dizer nada, ela simplesmente aumentou o aperto na mão dele.


Logo saíam da Estação, deixando para trás as três Condutoras, que os aguardariam ao final da incursão, tirando-os do local antes do Efeito Ômega apagar aquele período alterado da história.


Então... – conforme andavam por um extenso descampado, Odla olhada ao redor, precisando chamar Burgo a todo momento pois, com tanto espaço era quase impossivel o cãozinho não se afastar. – Onde será que estamos...


Ou quando...


A frase de Caio foi interrompida por gritos de guerra e sons que metal retinindo, o que indicava uma batalha, mas eles olhavam ao redor e nada viam, decidindo assim correr na direção do som, até o rapaz acionar seus poderes e seguir voando na frente.


Tem um tipo de cânion ali na frente! Vou lá ver o que tá rolando e espero vocês me alcançarem!


O Guardião Bisturi assim fez e logo ele descobriu que a batalha ocorria no chão, metros abaixo da borda do que ele descobriu ser de um desfiladeiro.


Só quando reparou nas roupas dos dois exércitos, que se digladiavam logo abaixo, que descobriu onde e quando estavam.


A Batalha das Termópilas!



Continua.


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2 Comentários

  1. Aqui , temos o início do arco que dá uma guinada na narrativa!

    Me lembro muito bem desse episódio...

    Agora que já se passou quatro anos desde o início dessa terrivel pándemia, olhando para trás, vemso o quanto aqueles dias foram duros, angustiantes e desafiadores.

    Mas, voltando a história, temos duas situações:
    A primeira, a questão do relacionamento de Caio e Nathalie e a descoberta da garota francesa que eram de epócas bem diferentes, o que poderá inviabilizar o relacionamento de ambos quando tudo acabar.

    A segunda, refere-se a batalha descrita no final do episódio.

    Sem dar spoilers, creio que teremos algo grave no capítulo seguinte...

    É muito bom reler essa história.Um marco na sua trajetória!

    Parabéns!

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    1. Valeu mesmo pelos comentários e leitura!
      Obrigado de coração

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