1. Fim do expediente.

Mas justo agora?


Sou um grande fã de obras com zumbis.

Sejam em filmes como "madrugada dos mortos" ou séries como "the walking dead" e até livros e quadrinhos, sempre que eu posso estou consumindo algo com esse tema.

Por isso eu finalmente comecei a "desenhar" na minha mente como eu faria um título com essa temática e eis que nasceu "O fim do mundo começou na sexta".

Aqui estou fazendo muita experimentação, com pequenos arcos, de capítulos curtos, focados em alguns personagens, algumas one-shots entre os arcos, etc.

Agora é torcer para que mais leitores gostem dessa experimentação.

Boa leitura!



1. Fim do expediente.


Fred Dantas estava desesperado, seguindo ligeiro pelos corredores do prédio, nas paredes manchas diversas de sangue, fossem resultados de esguichos, ou de algo que batera ali e havia escorrido até o chão.

 

Em alguns lugares era possível identificar manchas vermelhas em formato de mãos.

 

O suor escorria farto e ele prometia mais uma vez que, se sobrevivesse, ia começar uma academia e, no instante seguinte, precisou levar a mão à boca para abafar uma risada nervosa.

 

Se ainda houvesse alguma academia, com certeza, estaria destruída ou sendo usada como abrigo.

 

Dantas estacou de repente, ao ouvir os malditos gemidos alguns metros diante dele, fazendo eco com alguns que vinham por detrás, deixando claro que ele estava encurralado e, como não vira nenhuma outra alma viva a mais de horas, sabia que precisava se virar sozinho.

 

E rápido.

 

Com um misto de pressa e cuidado para não fazer nenhum barulho, ele começou a testar as portas que haviam naquele corredor.

 

Após duas trancadas, já se despedindo da vida e rezando para um deus em que não acreditava, testou a terceira e, quase soltando um grito de júbilo e alívio, conseguiu entrar.

 

Com todo cuidado do mundo trancou a porta atrás de si, no momento exato em que os malditos iam enchendo o corredor e, só quando teve certeza de que nenhum deles tentaria entrar, começou a olhar ao redor.

 

Era um dos vários escritórios de luxo do recém-inaugurado Edifício Baluarte, na Avenida Paulista, o que deixou o jovem estagiário cheio de esperança, uma vez que, pelo que viviam falando na empresa em que ele trabalhava, locais como aquele eram destinados a grandes empresários e eram montados para atender todas as necessidades de quem os alugasse e precisasse até mesmo passar dias ali dentro.

 

“Pelos preços que eu ouvi falar…” de pronto ele seguiu até uma porta, que deveria dar num local que poderia mantê-lo a salvo por um tempo.

 

― Isso!

 

Mais uma vez ele levou as mãos à boca e voltou o olhar na direção da entrada do escritório, só ficando mais calmo ao perceber que tudo se mantinha no mais completo silêncio, com exceção, é claro, dos gemidos guturais dos malditos que passavam do lado de fora.

 

Só depois de se acalmar ele entrou pela porta que dava acesso a uma completa e abastecida copa, com direito a cafeteira, frigobar e até um fogareiro elétrico.

 

Sem ter um celular, Dantas havia deixado-o carregando em sua mesa, pois acreditava que estaria de volta ao seu andar e serviço em poucos minutos, após beber toda uma garrafa de água, ele seguiu até  o cômodo principal, onde havia um laptop encima da escrivaninha.

 

Ele abriu o aparelho, a tela se iluminou e, após uma nova oração, ele descobriu, com enorme alívio, que não precisaria de senha nenhuma.

 

Primeiro ele tentou uma chamada de vídeo com seus pais, mas ninguém atendeu.

 

No escritório de advocacia onde ele estagiava aconteceu o mesmo, mas isso ele já imaginava, uma vez que ficava no mesmo prédio, onde ele estava tentando sobreviver ao inferno nas últimas horas.

 

Sem outra escolha, sabendo que talvez não tivesse energia elétrica por muito tempo, Dantas resolveu procurar notícias sobre o que estava acontecendo.

 

Assim que abriu o Youtube e alguns sites de notícia, se arrependeu na mesma hora.

 

“Incidentes se espalhando por todo o país.”

 

“Polícia, exército, bombeiros… Todos estão sobrecarregados pelo excesso de ocorrências.”

 

“Em poucas horas o caos se instalou.”

 

“Procure se abrigar e poupar recursos…”

 

“Como sobreviver no apocalipse…”

 

“Vídeo chocante do interior de São Paulo…”

 

“Cenas reais de um ataque…”

 

“Os mortos estão andando entre nós!”

 

“Zumbis!”

 

Dantas viu a palavra se espalhando em determinado momento, até mesmo nos portais de notícia mais conservadores, as parcas tentativas de controlar o caos e pânico, em determinado momento, foram deixadas de lado.

 

― Caralho…

 

O rapaz fechou com força o laptop, mas tomando cuidado para não quebrá-lo, afinal não dava para imaginar se precisaria ou não dele, tentou se controlar, mas seu corpo acabou se revoltando.

 

Dando graças por ter até mesmo um banheiro naquele escritório, Dantas acabou vomitando tudo até que ele não tinha e, quando finalmente o cansaço o venceu, fechou a porta que dava acesso ao restante do escritório e conferiu a hora no celular, dez da noite.

 

“Merda… Era pra eu estar com a Kamila da tesouraria… Maldito último serviço do dia… Malditos zumbis...”

 

Ele cambaleou até um sofá próximo, reparando em como aquele escritório era chique e assim que deitou, pouco antes de desmaiar, devido ao cansaço e estresse, ouviu ao longe uma explosão.

 

“Que Happy Hour de merda…”

 

E então apagou.

 

Sem perceber que algo começava a arranhar a porta do escritório, ou melhor dizendo, do seu abrigo.

 

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4 Comentários

  1. O fim do mundo começlou na sexta é um nome maravilhoso para um conto de zumbis, que diga-se de passagem, eu gosto muito desse tema. Aqui, ja começa com um tipo de abordagem que eu adoro que é a abordagem mais claustrofóbica, voltada a sobrevivencia de um unico personagem em um local pequeno e infestado de zumbis, o que nos dá a possibilidade de brincar com elementos mais especificos do cenário, como por exemplo, e abordado aqui, uma sala de escritório ou um corredor. Dantas aparentemente não é um atleta, não tem porte fisico de heroi e apenas aparenta estar tentando sobreviver a esse começo de final de semana maluco. Seguirei acompanhando os outros episodios pra saber pra onde vamos num mundo que começa a ser atormentado por uma praga zumbi.

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    1. Muito obrigado pela leitura e comentário meu amigo!
      Eu já vinha a tempos querendo bolar a minha "The Walking Dead" mas não conseguia bolar algo que fosse minimamente diferente do que centenas de pessoas já não tivessem feito...
      De repente imaginei um apocalipse zumbi que começasse no pior momento possível, numa sexta, após o fim do expediente... Daí veio o nome e, depois de bolar outras "coisinhas" diferentes, comecei a produção... Falhei em postar numa sexta, mas não predendo deixar isso se repetir.
      Espero que você continue acompanhando e gostando.
      Valeu mesmo!

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  2. O fim do mundo...começou numa sexta...

    Que dia pra começar?

    Brincadeiras a parte, cá estamos nós nessa nova jornada criativa, voltadas para contos zumbis.

    A sensação de medo de Fred foi muito bem narrada, bem como os demais sentimentos como a raiva e incredulidade de como tudo isso estava acontecendo, atrapalhando seus planos mais banais.

    Vejamos como se dará os próximos acontecimentos.

    Meus sinceros parabéns!

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    1. valeu mesmo pela leitura e comentário.
      Quando comecei a bolar esse título tentei pensar, não apenas no cenário de invasão zumbi mais diferente, bem como no título mais diferente...
      Quando as ideias tomaram forma, cheguei a esse final.
      Espero que continue gostando do que vem por aí.

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